quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cidades. Criatividade. Inovação.


Há dois anos, o jornal Público trazia como assunto principal uma reportagem sobre Richard Florida (na imagem) e as suas teorias que penso que deveriam ser assimildas por todos os políticos e agentes económicos de qualquer cidade: a reportagem divulgava a nova teoria da "Era da Criatividade" associada às cidades e ao urbanismo, defendida pelo investigador e economista Richard Florida e que está patente nalgumas das mais evoluídas cidades do mundo.
Apesar de nunca ter lido nenhum dos livros de Florida (não estão editados em Portugal), o que me parece que este ensaísta defende é que, hoje em dia, os critérios para avaliar a qualidade e dimensão de uma cidade já não têm tanto a ver com os índices económicos, turísticos ou mesmo sociais. As cidades mais atractivas para os jovens de todo o mundo, aquelas que lideram na dinâmica social, na inovação artística e dos seus espaços de fruição, são aquelas que apresentam soluções criativas mais positivas para a dinâmica social urbana. Sem esquecer as ferramentas tecnológicas e de comunicação.
Richard Florida deixa claro que a dinâmica artística realizada em equipamentos culturais institucionais como teatros, óperas ou centros culturais, já não é suficiente para consolidar uma cidade como pólo gerador de riqueza e afirmação. O autor fala dos diversos espaços físicos (interiores e exteriores) da própria cidade, aproveitados como motores de desenvolvimento, de agitação, de iniciativas. Como as ruas, por exemplo. Ou espaços inusitados que proporcionem uma nova vivência e identidade à cidade e aos seus espaços (não terá sido por acaso que o Presidente Cavaco Silva tem falado na importância das afirmação das"Indústrias Criativas para o desenvolvimento social).
Se em Lisboa existe o exemplo do Bairro Alto e do Chiado como pólos de atracção turística e cultural, em Nova Iorque existe o Soho, em Paris o bairro Marais, em Londres o Brick Lane, em Berlim o Mitte, e por aí fora.
Na tal reportagem do jornal são referidas outras cidades nas quais a dinâmica cultural e artística representam novas formas de identidade urbana: Glasgow, Manchester, Berlim, Chicago, Estocolmo, Bilbau, Barcelona, Amesterdão. À semelhança do que acontece há uns anos nestas cidades de referência mundial, seria fundamental que os políticos portugueses olhassem para as indústrias culturais como pólos sustentáveis de desenvolvimento do espaço urbano. Ideias criativas de dinamização social e cultural atraem turismo e investimento, rejuvenescendo a vida citadina de bairros, de ruas, de zonas urbanas inteiras.
Como refere o arquitecto português Tomé Alves: "Durante mais de um século aquilo que distinguia as cidades e lhe atribuía prestígio era uma orquestra sinfónica, museus, uma ópera, uma companhia de ballet. Hoje é preciso muito mais. Uma cidade fervilhante e dinâmica tem que ter espaços alternativos, ao lado de zonas e estruturas culturais de maior visibilidade."

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