Cinematograficamene falando, Kevin Connolly poderia ter saído do filme "Freaks" (1932) de Tod Browning, filme no qual os protagonistas são seres humanos que trabalham num circo e que possuem deficiências físicas aberrantes e invulgares.
Isto porque Connolly nasceu sem pernas - possui apenas tronco e membros superiores. Não significa que tal condição o tenha impedido de viajar pela Europa (percorre as cidades num skate) e de fazer o que mais gosta: fotografia. Pelo facto de se sentir incomodado com os olhares indiscretos das pessoas na rua perante a sua invulgar condição física, Kevin Connolly resolveu aproveitar-se disso e, num misto de projecto artístico e de expiação de complexos, resolveu viajar por 15 países para fotografar as reacções das pessoas que olhavam para ele. Deste projecto resultaram 32 mil fotografias.
Segundo as próprias palavras de Kevin Connolly, as reacções foram as mais diversas: “Na Ucrânia vieram-me perguntar se eu era um homem santo ou um mendigo. Em Viena, as pessoas achavam que eu era mesmo um indigente".
Segundo as próprias palavras de Kevin Connolly, as reacções foram as mais diversas: “Na Ucrânia vieram-me perguntar se eu era um homem santo ou um mendigo. Em Viena, as pessoas achavam que eu era mesmo um indigente".
As fotografias de Connolly resultaram em olhares, milhares de olhares incrédulos de pessoas que olhavam de cima para baixo, tentando perscrutar quem era aquele ser em cima de um skate e o que fazia com uma máquina fotográfica em punho. Há, nestas fotografias, toda uma genealogia visual sobre preconceitos sociais e sobre o conceito de diferença física. Deste projecto nasceu uma exposição intitulada "Rolling Exhibition" e que pode ser vista aqui.
2 comentários:
Uau!
Os olhares indiscretos das crianças eram óbvios.
Abraço
Cinema as my World
Muito interessante. Normalmente é o objecto fotografado a razão primeira de uma fotografia. Aqui há uma inversão desse pressuposto pois é o fotógrafo que motiva a reacção dos que depois nos são dados a ver. Ele está lá apesar de não o vermos. É de facto uma extraordinária forma de alguém, que está habituado a ser olhado, devolver aos outros o seu próprio olhar sobre eles.
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