De quando em vez o cinema independente americano brinda-nos como pérolas como "Blue Valentine" (título retirado de um álbum de Tom Waits).
Um filme que escapa à lógica previsível dos melodramas comerciais de Hollywood e nos revela, com desarmante e cru realismo, o apogeu e a desintegração amorosa vividos por um jovem casal. Dois personagens - superiormente interpretados por Michelle Williams (nomeada ao Óscar) e Ryan Gosling - dão vida a uma relação em que o amor é substituído pela desolação dos sentimentos e pelo desmoronar dos sonhos. Um argumento simples e directo, filmado com total brilhantismo e sem recorrer aos lugares-comuns do género.
Magistralmente bem montado (com flashbacks que se encaixam na perfeição no ritmo narrativo), o realizador Derek Cianfrance construiu, em tons melancólicos e serenos, uma sólida e fascinante história sobre o amor nos tempos modernos. Um amor que se dissolve sem remissão fruto da lassidão do casal, da ausência de entrega, do desnorte causado pela monotonia quotidiana que nem o amor por uma pequena filha pode salvar.
"Blue Valentine" tem como banda sonora a música do grupo Grizzly Bear, que contribui para criar todo o ambiente de encantamento e ruptura emocional que o filme transporta para o espectador.
E como um bom filme termina apenas no fim dos créditos, vale a pena apreciar o notável trabalho gráfico do genérico final, feito de explosões de cores e sons, como que a sublimar as contradições sentimentais por que passou o casal protagonista.
Para já, um dos pequenos-grandes filmes de 2011.
2 comentários:
Também gostei. Não o meto nesse teu pedestal, mas foi uma boa surpresa. Por falar em surpresa, não entendi a nomeação da Michelle para o Oscar, achei bem vulgar ou então ela é tão boa que me enganou, mas o Ryan é para mim um dos melhores actores da actualidade e está a precisar de trabalhar com outro tipo de realizadores noutro tipo de filmes.
Eu gostei imenso!
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