sexta-feira, 4 de março de 2011

Filme de qualidade


Quando era miúdo e passava ao lado da única sala de espectáculos onde se expunham os velhinhos e básicos cartazes de cinema, intrigava-me uma informação que por vezes lia. Naquele tempo, essa única sala de cinema exibia apenas filmes decadentes de kung-fu (se calhar o Tarantino não lhes chamaria assim!) ou de "Western Spaghetti" de terceira categoria. Essa informação a que me refiro diz respeito à designação que na altura gozavam certos filmes: "Filme de Qualidade".
Como referi era um miúdo e o pouco que conhecia de cinema não me permitia retirar conclusões concretas sobre o que era, efectivamente, um "filme de qualidade". Seria um género cinematográfico que se distinguia de todos os restantes? Quais os critérios que definiam e identificavam essa qualidade num filme?
Só com o passar do tempo e algum aconselhamento de amigos mais velhos me apercebi do que significava o selo de qualidade num filme. Selo que há muitos anos deixou de fazer sentido no seio do marketing dos filmes.
Houve, no entanto, um dia em que reparei num filme que ostentava esse selo "Filme de Qualidade" e que mudaria para sempre a minha relação com o cinema: "Apocalypse Now". Os antigos cartazes de cinema, mostrando uma imagem pequena (e muitas vezes degradada) do filme, foram suficientes para me fazerem comprar o bilhete e assistir à reposição da obra-prima de Francis Ford Coppola.
E a verdade é que, a partir do visionamento de "Apocalypse Now", não precisei mais de reparar nas classificações dos filmes para compreender do que falamos quando falamos de um filme de "qualidade".

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