Faz hoje 70 anos que a escritora britânica Virginia Woolf se suicidou no rio afogando-se com pedras dentro dos bolsos (o seu corpo só seria recuperado quase um mês depois). O seu estado mental degradara-se profundamente (com alucinações visuais e auditivas e depressões cada vez mais penosas). Antes de cometer o derradeiro e fatal acto, escreveu uma comovente carta de despedida dirigida ao marido, Leonard. O conteúdo da cadta está reproduzido em baixo. O filme "As Horas" (2002) de Stephen Daldry, baseado num romance da escritora, reproduz a sequência do suicídio de Virginia, alternando na montagem com a redacção da dita carta. Nicole Kidman encarnou a atormentada escritora.
Meu Querido:
Tenho a certeza de que estou novamente a enlouquecer: sinto que não posso suportar outro desses terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou a começar a ouvir vozes e não me consigo concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor. Deste-me a maior felicidade possível.
Foste em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou a destruir a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser.
Não consigo ler.
O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Foste inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom.
Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos.
V.
3 comentários:
Se me permites a correcção, em boa verdade o filme de Daldry é baseado no romance de Michael Cunningham (As Horas), que por sua vez tem como, digamos assim, pano de fundo Mrs. Dalloway (este sim de Woolf), talvez fosse isto que querias dizer mas pela maneira como está escrito não parece. É realmente uma data a assinalar, vamos lá ver quantos programas informativos se vão lembrar da data. Não estou com muitas esperanças.
Cumprimentos.
Sim, Nelson, é isso mesmo. Obrigado pela chamada de atenção. Já vi o filme há 9 anos e não me recordava que era baseado num livro do Cunningham que por sua vez se inspirou num romance de Woolf.
o HOMEM está a ficar xéxé
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