segunda-feira, 23 de março de 2009

O jornalista-escritor-de-romances-históricos-passíveis-de-adaptação-para-novela-ou-série-de-ficção-televisiva


Qual a febre que deu nos jornalistas portugueses para andarem a escrever romances a torto e a direito (já para não falar de livros sobre figuras famosas e de auto-ajuda)? Que ímpeto literário é esse que se apoderou dos jornalistas televisivos deste país? Depois de Miguel Sousa Tavares, José Rodrigues dos Santos, Júlio Magalhães (e outros que não me lembro), agora é a vez do jornalista da TVI, Pedro Pinto (na imagem), aproveitar a maré e editar um romance histórico com o título “O Último Bandeirante”. Claro que Pedro Pinto já deve estar à espera de um convite da TVI no sentido de adaptar o seu livro para o formato de novela televisiva (filmada em locais exóticos, com um elenco de luxo e com meios de produção "nunca vistos na televisão portuguesa"). É sabido que as figuras públicas, mesmo vindas da área do jornalismo televisivo, representam sempre um trunfo comercial ao lado de um qualquer principiante a ficcionista.
Mais cedo ou mais tarde, é quase certo que chegue a vez da Manuela Moura Guedes escrever também o seu romance histórico, ambicioso e épico, de 800 páginas, sobre a história trágica de uma família monárquica portuguesa que se viu obrigada a emigrar para o Brasil após a implantação da República, com lutas familiares e casos de amores proibidos/impossíveis (riscar o que não interessa). E depois da Manela, que venha a grande obra de ficção do Manuel Luís Goucha (que já escreveu livros, mas só de culinária). As donas de casa agradecem.

13 comentários:

Anónimo disse...

já vai longe o tempo do Herculano,em que o que se escrevia no romance realmente importava, para além do eventual potencial de entreter mentes transparentes.

por acaso ontem perdi tempo, e sublinho, perdi tempo, a ver um episódio do Equador (tinha visto pequenos pedaços de outros). Sinceramente, o que me deixou profundamente triste não foi a inutilidade dos cenários lustrosos mas incrivelmente banais, nem a inutilidade do desenrolar das histórias daqueles personagens de cartão estereotipados e, portanto, irreais.

O que me deixou realmente infeliz não foi a mundanidade das mentes envolvidas, foi o brilho do verdadeiro talento a esmorecer ali no meio. Há 3 nomes no Equador: o Nicolau Breyner, que podia (deveria) ter sido actor de cinema, o Filipe Duarte (que até tem vindo a ter uma carreira em cinema, coisa rara em Portugal) e o Rodrigo Leão, que é o melhor compositor de bandas sonoras que nós Nunca tivemos.

acabei por desviar um pouco o tema do post, desculpa.

Unknown disse...

Sem dúvida que o mediatismo abre muitas portas e barra muitas outras entradas que infelizmente perdem com este tipo de competição. Já se torna um exagero este desejo em serem escritores. Contudo, não posso deixar de mostrar o meu apreço pela Fórmula de Deus. Apesar de tudo, é um livro com bastante qualidade quanto a mim.

Abraço

Unknown disse...

Rui: o teu comentário faz todo o sentido e enquadra-se no conteúdo do meu post.

Rolando Almeida disse...

Mas será que escrever é alguma actividade privilegiada que impeça esta onda dos pivots de tv publicarem os seus trabalhos? creio que não e até pode constituir um bom exemplo, se organizado e orientado. O José Rodrigues dos Santos é um bom escritor.Mas o nosso problema com os livros será sempre um problema de mercado. Somos um país pequeno e que vende pouco e, ainda por cima, os apologistas da qualidade cada vez mais se seduzem pela psicofoda do gratuito e a qualidade fica nas mãos da publicidade. Já há quem diga que um dia vamos ler publicidade no meio dos livros (em papel duvido já que os spots passavam rapidamente de moda e não dava para alterar).
Em relação ao Equador ( a série): aposto que se fosse falado em inglês muita mais gente gostaria da série. É igual a tantas outras séries e com exactamente o mesmo interesse. Creio que tem momentos de qualidade, tanto no guarda roupa, como na qualidade gráfica ou até a banda sonora. Nesta matéria não sou especialista, mas provavelmente a série não foi feita para especialistas, não sei!

Ana Cristina Leonardo disse...

Não me falem de romance histórico!!!

Anónimo disse...

Gostei muito do romance Equador, e ainda li um do José Rodrigues dos Santos, mas...desisti! Sem querer ofender, mas porque raio em Portugal um jornalista tem que escrever livros e os modelos têm que ser actores? Porque não está "cada macaco no seu galho"?

Rolando Almeida disse...

Caro Anónimo
Em portugal os jornalistas escrevem livros por uma razão bastante simples, porque em portugal são muitos raros os casos dos que podem viver da escrita. Só tipos como o Lobo Antunes e mesmo esses porque já herdaram outras fortunas. Mesmo em países anglo saxonicos um escritor tem de ter um qualquer best seller para poder dedicar-se por inteiro aos livros. E hoje em dia isso acontece muito com músicos, jornais e livros porque há uma imensa maioria culta que pensa que a cultura deve ser trocada na internet à borla. Ora acontece que essas pessoas reclamam a falta de qualidade mas não estão dispostas a pagar 5€ por um jornal para assegurar a qualidade. Se assim é, o jornal tem de se vender à publicidade e despedir os seus melhores jornalistas, que auferem melhores remunerações. Está a ver agora melhor? é por uma questão de mercado, nada mais.
espero ter ajudado

Anónimo disse...

Não entendo porque há quem se incomode tanto por jornalistas/pivots escreverem e publicarem os seus livros. E mais, quem se incomode com isso sem se dar ao trabalho de ler as obras para depois poder criticá-las. Quem escreve, por norma, foi qualquer coisa antes: jornalista, professor, polícia, pedreiro, embaixador, advogado, etc. Poucos haverá que quando acabaram os estudos decidiram: agora a minnha profissão vai ser a de escritor. Naturalmente que os jornalistas/pivots têm mais exposição mediática à partida e beneficiam disso, mas... melhor para eles. Ou será que deveriam assinar com pseudónimo para não partirem em "vantagem"? Não me parece bem, nem justo. Só compra quem quer, só lê quem quer e só gosta quem gosta. E não roubam lugar a ninguém, verdade?

Rui Azeredo

Unknown disse...

Aqui no Brasil temos jornalistas que são excelentes escritores. Machado de Assis era, em seu tempo, jornalista. Hoje, destacaria Ruy Castro com suas biografias impecáveis e texto primoroso. Estive em Portugal recentemente e acabei por comprar o "Codex 632" do José Rodrigues dos Santos que só fui saber jornalista quando terminei o livro e fui ler sobre o autor. Achei ótimo. Se os jornalistas-escritores portugueses tiverem esse nível de qualidade, sorte de vocês!

Jacób Xavier disse...

Não sou jornalista de TV, mas sou jornalista. E estou, neste exato momento, realizando uma pesquisa para escrever um romance-histórico, que, claro, não conto o tema. Concordo na importância que dá ao tema e, sobretudo, na questão do valor que escritores-jornalistas-celebridades dão à imagem e aos louros monetários obtidos com a venda de seus livros. No entanto, penso que escrever, sem dúvida, seja um ofício difícil e, por isso, muito interessante de ser exercitado. Aliás, enquanto dou continuidade à pesquisa para a escrita do livro, resolvi fazer um blog (http://teviali.blogspot.com). Pode divulgar na sua lista de favoritos? Um abraço!

Unknown disse...

Obrigado Jacób pelo comentário e boa sorte para o seu livro!
VA

Anónimo disse...

Wow... passou-se tanto tempo desde que o último comentário fora escrito... Apenas escrevo isto para indicar que o site não morreu.

Anónimo disse...

Eu nasci em 2008 hahah