Em 1917, Jean Cocteau, propôs a Diaghilev, empresário dos Ballets Russes, colaborar com o compositor Erik Satie num ballet. Desde conjugação artística, saiu o bailado "Parade" (na imagem), com argumento de Cocteau e ainda cenários e figurinos do pintor Pablo Picasso. A partitura musical de Satie, pianista e visionário, continha sons de máquinas de escrever, apitos de sereias, ruídos de hélices de avião, de aparelhos de Morse, e de roletas de lotaria (a ideia era assaz original, mas não totalmente inovadora: o futurista italiano Luigi Russolo tinha construído "máquinas para fazer ruído" três anos antes).
O lugar exigido a todos estes objectos exigiu uma redução de instrumentos musicais convencionais no fosso de orquestra, opção que provocou uma acesa discussão no seio da crítica e dos espectadores. "Parade" foi um ballet inovador e ousado em termos estéticos (nos cenários, no argumento e na música), antecipando uns anos o movimento surrealista. Os críticos arrasaram sobretudo a música. Erik Satie não se ficou e escreveu, satiricamente, um texto com o título "Elogio dos Críticos", que começa assim: "O ano passado fiz várias conferências sobre a inteligência e a musicalidade nos animais. Hoje vou falar-vos da inteligência e da musicalidade nos críticos. O tema é quase o mesmo, portanto."
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