Sabendo do meu interesse pelo tema da relação entre o cinema e a música, um amigo alertou-me para um trabalho académico que aborda a música no cinema de Gus Van Sant, mais propriamente, da chamada "Trilogia da Morte": "Gerry" (2002), "Elephant" (2003) e "Last Days" (2005). A referida tese tem por sugestivo título "Significação Musical e Definição de Espaços Cinematográficos: Trilogia da Morte de Gus Van Sant", é da autoria de Helder Gonçalves e foi publicada na Universidade Nova de Lisboa. Não é nenhuma tese de mestrado ou doutoramento nem revela ao mundo novidades insuspeitas no cinema de Van Sant, mas é um trabalho perfeitamente digno e interessante pela forma como explora e analisa as relações estéticas que o realizador estabelece entre a música e os seus filmes, como no espantoso "Gerry".
Acho apenas estranho que, em todo o trabalho não se cite, uma única vez, a determinante influência do cineasta húngaro Béla Tarr na trilogia de Van Sant, dado que a linguagem visual e narrativa dos três filmes devem, em grandíssima medida, ao cinema maior de Tarr (realizador para quem a música é também elemento fulcral na sua arte). O documento em formato PDF pode ser descarregado directamente aqui.
4 comentários:
Xii, só de ver o título e a bibliografia (Deleuze???? não há melhor nos dias que correm?), desisti logo. Provavelmente porque conheço os tiques pós modernos da instituição que acolheu o trabalho. Espero não ter perdido nada de bom.
Percebo o que queres dizer. Delueze "tem" de constar na bibliografia de muitos trabalhos para que estes pareçam sérios e profundos.
Bem, no meio académico português isto é heresia dizer, mas deleuze é talvez dos maiores logros da filosofia contemporânea, mesmo que admita que isto também não é inteiramente consensual. Não sei se conheces as imposturas intelectuais do Alan Sokal e Jean Bricmont. Nessa obra (esgotada na Gradiva) os 2 físicos mostram como é que autores como Deleuze passaram todo o tempo a usar conceitos científicos, disfarçados de terrorismo verbal, mas completamente desajustados.
Sem ter lido o trabalho citado, é uma trilogia de um valor e ousadias imensuráveis no cinema independente americano contemporâneo e que cimentam Van Sant num dos seus mais importantes autores.
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