quarta-feira, 25 de abril de 2012

O cinema na escola (finalmente)

Já por diversas vezes escrevi no blogue sobre a importância do cinema como ferramenta de educação para os mais novos. Hoje mesmo o jornal Público publicou uma reportagem sobre um plano de cinema a implementar nas escolas. Acho uma intenção de louvar por parte do Secretário de Estado da Cultura. Veremos quando e de que forma se irá concretizar este plano. Numa coisa acertou: na intenção de valorizar o cinema como uma ferramenta educacional e de afirmação artística junto dos jovens estudantes. É fundamental que esse ambicioso plano seja acompanhado de uma contextualização histórica e de uma preparação pedagógica essenciais para fomentar uma proveitora relação entre os jovens e o cinema.
Na verdade, se há uma idade na qual o cinema pode ter uma influência marcante na construção do gosto estético do indivíduo, essa idade é a da adolescência. Ora, em 2005, o British Film Institute revelou uma lista de 50 filmes que os adolescentes deveriam ver. Era uma lista bastante heterogénea em termos de diversidade de títulos (e épocas) e muito homogénea no que se refere à qualidade. Agora foi o site Flavorwire a mostrar uma lista - mais pequena - de 10 filmes que os adolescentes devem ver. É uma lista interessante mas assaz discutível no que se refere a alguns títulos:

- "O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei"
- "Stand By Me" (na imagem)
- "A Princesa Mononoke"
- "O Padrinho"
- "Labirinto"
- "Psico"
- "Juno"
- "O Fabuloso Destino de Amélie"
- "Rebelde Sem Causa"
- "Baraka"
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Um comentário breve: Concordo com todos estes títulos (saúdo especialmente "Baraka"!) à excepção de um: "Psico" de Hitchcock. Apesar dos jovens de hoje estarem habituados a ver filmes de terror e de violência gráfica, parece-me que o terror psicológico do filme de Hitch é demasiado denso e perturbador para cabeças de 13 ou 14 anos. 

15 comentários:

Rui Carvalho disse...

Concordo perfeitamente, e não só, mas também a musica. No meu tempo de estudante, dei aulas de educação musical- 1º e 2 º do ciclo.

Anónimo disse...

Mais do que o cinema (embore concorde), os jovens precisavam de formação musical e de... muito desporto (mais importância do que a que se tem dado).
Achei curioso Kubik não fazer comentário aos filmes propostos pelas "personalidades" inquiridas no Público...
Sem comentários, talvez. Será que aquelas pessoas conhecem os jovens? E as escolas?! Com alguns dos filmes indicados, até eu faltaria a aulas...tendo a idade dos jovens.
Já a lista que aqui indica tem todo o sentido.
Sempre inteligência, boas escolhas e bom senso neste blogue!

miguel disse...

A ideia de implentar um plano de cinema nas escolas parecem-me excelente.No entanto, questiono a veracidade de tal intenção, numa fase em que as reformas do projecto educativo se apresentam como um rude golpe no ensino das artes em Portugal. Basta ver o que está a ser feito no EVT, Ed. Tecnológica e Música...esta última deixa de existir no 9ºano e passa a ser opcional, por parte das escolas, a sua continuidade no 7º e 8º anos. Há 20 anos (aquando do meu 5º e 6º anos) a música estava confinada ao 2º ciclo...para lá caminhamos de novo!!!
Mas bem, que essa intenção do cinema se venha, de facto, a concretizar, ainda que leccionada como oferta de escola ou extra-curricular!

Abraço,
Miguel

Hugo disse...

A iniciativa é ótima, porém aqui no Brasil antes de disso é necessário ter o mínimo de instalações de qualidade e professores valorizados.

A educação pública por aqui é tratada pessimamente pelos governos e isso se reflete no baixo nível cultural de grande parte do povo.

Abraço

Unknown disse...

Tentando resumir: não comentei as escolhas do Público porque de facto levantam-me muitas dúvidas. Achei a lista um pouco snob e fora da realidade das escolas. Claro que todos os filmes indicados são de qualidade inequívoca, mas apresentar um filme como "A Palavra" a crianças e jovens imberbes não me parece que pudesse surtir algum efeito positivo. Mas talvez abra um tópico só para falar disso.

Miguel: quanto à questão do ensino das artes em Portugal, concordo que estamos a regredir. A minha formação é de música e dei aulas durante anos nas escolas públicas. Sei o que este Governo (e não só) tem relegado para segundo plano o ensino artístico (música, EVT e até desporto). Mas pelos vistos parece ser uma estratégia global, visto que o Hugo, sendo brasileiro, deu um testemunho nesse sentido.

sem-se-ver disse...

cinema na escola pela via institucional - Direcção Regional de Educação do Algarve - existe há 14 anos no nosso país. Estudo sistemático do cinema nas escolas da região. Já passaram mais de 10.000 alunos e mais de 1.000 professores por ele, professores esses que são formados para poderem leccionar cinema nas suas escolas. deste programa surgiu, há 4 anos, a disciplina de cinema como oferta de de 4 escolas na região a alunos de 3º ciclo.

dito isto:
seria bom que o Público auscultasse quem sabe - é só questão de contactar a DREA, e, de passant, todos os cineclubes que têm programas de cinema nas e para as escolas, onde pontua, pela qualidade e continuidade do seu trabalho, o Cineclube de Viseu.

dito isto:
é uma excelente iniciativa da sec e do ministério da educação, que só peca por tardia e, por isso mesmo, envergonha sucessivos governos socialistas.

dito isto:
o meu maior gáudio é isto vir a obrigar a cinemateca portuguesa a elaborar, em formato digital, cópias para distribuiçao nas escolas. há décadas que a cinemateca resiste, por mais pedidos insistentes que lhe tenham feito. se o governo os obrigar, que bom.

(sobre este assunto irei falar no meu blog; a morte do miguel portas e o 25 de abril hoje impediram-mo. prioridades são prioridades - as minhas, claro, 'editoriais')

sem-se-ver disse...

(*pedidos, dos cineclubes. os tais que o victor considerou no outro dia por aqui que estão mortos e enterrados :-)

sem-se-ver disse...

e ainda:
o psycho é o filme preferido dos alunos do 11º ano, ano em que é mostrado no algarve no âmbito do já referido programa de cinema nas escolas da responsabilidade da drea.

Unknown disse...

sem-se-ver: obrigado pelo importante contributo. Na verdade, não conhecia essa intensa actividade no Algarve, mas conheço bem o trabalho do Cineclube de Viseu e dos seus projectos de cinema (de animação e não só) nas e para as escolas. Era bom, na realidade, que o Governo olhasse para estes bons exemplos e os pudesse transferir para a generalidade das escolas portuguesas.

Pulha Garcia disse...

Adoro o Stand by me, baseado num livro do Stephen King, "The body". A lealdade e a amizade como resposta à solidão.

Rato disse...

Não tenho grande percepção sobre o que vai dentro das cabeças dos jovens de hoje (e chamo "jovens" os que pertencem à faixa etária dos 12 aos 16 anos), até porque nunca tive filhos. Mas parece-me que um filme como "O Padrinho" seria, ainda assim, muito mais perturbador do que o "Psycho" do Hitch (isto atendendo apenas aos títulos citados).
Mas se metade dos filmes constantes da (excelente) lista do British Film Institute conseguisse ser exibida nas escolas portuguesas, já seria um feito grandioso!

Anónimo disse...

que disparate o que dizes sobre o psico...(demasiado denso para cabeças de 13 ou 14 anos...wtf?)...De resto toda esse plano de mostrar filmes na escola me parece feito por alguem que habita uma realidade paralela e que nao esta a par do que se passa nas salas de aula deste país...enfim...

Unknown disse...

Ao anónimo: eu conheço bem a realidade das salas de aulas portuguesas. Não só porque fui professor durante 8 anos, tenho vários familiares professores e lido profissionalmente com muitos alunos e professores dos mais variados níveis de ensino. E por isso mantenho a minha opinião em relação ao “Psico”. Quanto ao facto de os governantes que propõem certos filmes e não conhecem a realidade das escolas, nisso eu concordo.

Anónimo disse...

Ainda assim acho que uma criança de 14 anos se interessaria mais pelo filme de Hitchcock que por "Baraka"...Garanto-lhe, elas vêem coisas mais aterradoras...

Rita Santos disse...

Concordo com o Rato. Um padrinho não é mais perturbador que um Psico?!