sexta-feira, 9 de maio de 2008

Salas vazias e o futuro do cinema


O cinema na sala escura continua em acentuada queda em termos de frequência. Veja-se a mais recente estatística referente ao mês de Abril: segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), as salas de cinema registaram uma quebra de 43,1% nos espectadores.
No mês passado, a afluência às salas cifrou-se em 842.376 espectadores, menos 638.456 do que no mesmo mês em 2007. Por outro lado, nos primeiros quatro meses do ano foram vendidos 5.064.791 ingressos, menos 196.476 do que no período homólogo. Para resumir: em média, as salas de cinema perderam 1.624 espectadores diários no primeiro quadrimestre deste ano.
Ou a indústria do cinema se adapta rapidamente às novas formas de consumo de filmes e à pirataria (oferecendo propostas como o 3D, baixando o preço dos bilhetes, explorando o filão do digital...), ou prevê-se que dentro de 5 a 10 anos, as salas de cinema tal como as conhecemos actualmente, deixarão de existir. Como vai ser a distribuição e fruição do cinema no futuro? Simples: com o aumento gradual da velocidade de acesso à Internet e pagamento pelos conteúdos, a tendência vai ser as distribuidoras de cinema disponibilizarem online o download dos filmes após o pagamento de determinada quantia (já houve experiências nesse sentido). Ou seja, o espectador terá acesso directo à distribuição através da internet. Estudo de empresas confirmam que o cinema vai sofrer alterações profundas na forma como é distribuído e exibido. O filme vai deixar de estrear numa sala escura para passar a "estrear" no computador do consumidor. O novo mundo tecnológico, digital e globalizado dita as novas regras de consumo cultural, no presente e no futuro. Eu sei: é um rude golpe para a militância cinéfila e para o prazer de ver um filme em sala escura, que sempre foi (e é) o espaço histórico primordial para a fruição das imagens.

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