"O melhor do cinema está aqui" refere o site brasileiro melhoresfilmes.com.br. Só que o slogan é enganador. A ideia do site é compilar os melhores filmes por diferentes categorias: género, país, década, realizador e actor. Um pouco à semelhança da referência Imdb.com.
Não se sabe muito bem quem faz ou fez a selecção dos filmes, nem quem atribuiu as respectivas pontuações ou que critérios foram utilizados. Parece que este tipo de informação não interessa. Talvez seja por isso que haja omissões e erros graves. Por exemplos: na categoria de Melhores Filmes da Rússia, não aparece nem um do Eisenstein, do Vertov ou - heresia! - do Tarkovski. Já a categoria de Melhores Documentários está mais bem conseguida, mas espanta ver "O Triunfo da Vontade" apenas na 45º posição! Na secção Melhores Comédias, o genial "As Férias do Sr. Hulot" de Tati só merece uma modesta 31ª posição e nenhum filme do Woody Allen surge antes do 18º lugar (e logo com "Manhattan", filme que não arriscaria categorizar como comédia).
Na categoria Thriller, fiquei assombrado quando vi o "Contos da Lua Vaga" de Mizoguchi na 5ª posição, ente o "Taxi Driver" de Scorsese e o "A Sede do Mal" de Orson Welles! Mizoguchi na categoria de thriller?! No Musical, eis que ficamos a saber que o filme "O Pianista" de Roman Polanski não é um filme de guerra ou um drama, mas sim um musical, no sentido em que "Cabaret" ou "Serenata à Chuva" o são.
Mas o descalabro maior vai para a categoria por país. Portugal. Segundo este site, o "melhor filme português de sempre" é... "Três Vidas e Uma Só Morte". Quê? De que realizador? Ora, do chileno Raoul Ruiz, esse cineasta "português" dos sete costados. Ou será que pelo facto de Ruiz ter tido como produtor o português Paulo Branco, tem direito a ser considerado português? Mas há mais. No segundo lugar vem "Aniki-Bobó" de Oliveira. Muito bem. Mas logo a seguir, outra retumbante surpresa: "A Janela da Frente" do realizador de Trás-os-Montes Ferzan Ozpetek. Isso mesmo: Ferzan Ozpetek, nascido e criado na Turquia. O resto da lista é anedótica: João César Monteiro e Manoel de Oliveira convivem alegremente com o francês François Truffaut e com o brasileiro Walter Salles!
Haverá mais erros, gralhas e omissões, mas depois destas leituras breves, perdi toda a vontade de ver o que quer que fosse...
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