A revista Única do Expresso trazia na capa uma sensual pin-up. Lá dentro, uma reportagem desenvolvida sobre o número cada vez maior de jovens portuguesas (na casa dos 20 anos) que encarnam personagens ao estilo cabaret e vaudeville, imitando as pin-ups que fizeram sucesso nos calendários, publicidade e cinema dos anos 30 a 50 na Hollywood gloriosa desas décadas. Femmes Fatales como Lauren Bacall, Mae West, Jean Harlow, Rita Wayworth ou a inevitável Marilyn Monroe servem de modelos para estas jovens que cultivam nomes artísticos com Lady Gin, Miss Saucy Minx ou Miss Lucky Lu. Nada contra. Acho piada ao culto por fenómenos culturais vintage, ainda que tenha sempre uma certa reserva a quaisquer tipos de revivalismos. Mas esta introdução serve apenas para chamar a atenção que há três anos foi lançado para o mercado de exibição cinematográfica, de forma totalmente despercebida, um filme que retratava a mais famosa das pin-ups americanas: "The Notorious Bettie Page", de Marry Harron (que fizera o perturbante "American Psycho"). Bettie Page foi uma rapariga que passou de menina tímida e bem comportada para o papel de modelo ousado, subversivo e independente. Page foi das primeiras mulheres a expor-se diante de uma câmara fotográfica em cenários sado-maso e bondage, criando uma verdadeira áurea mítica de mulher independente do pós-guerra. Algumas das suas fotografias mais ousadas ainda fazem corar algumas mentes conservadoras de agora. O filme regista essa evolução e o impacto que essa figura teve no espírito de Bettie Page e dos seus familiares. A verdadeira pin-up é personificada por Bettie, que simboliza o mito da sensualidade feminina emancipada.
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