quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Humberto Solas


Morreu ontem um dos realizadores mais importantes do cinema cubano e de toda a América Latina: Humberto Solas (1941 – 2008). Solas foi um dos fundadores do Festival do Cinema Pobre, espaço de promoção do cinema emergente latino-americano e de cinematografias alternativas. Algumas das obras mais marcantes do realizador constituem autênticos baluartes do cinema moderno cubano: "O Século das Luzes" (1991), "Barrio Cuba" (2005), e "Lucia" (1970). Fazia cinema com parcos recursos mas com sólida linguagem estética e conceptual, revelando os males de uma sociedade de contradições como a cubana.
Só vi um filme de Humberto Solas, “Barrio Cuba”, mas tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente há 4 anos, numa mostra de cinema ibero-americano realizada na Guarda. Humberto era um dos oradores da secção de conferências. Travámos conhecimento e convidou-me para tomar café. Estivemos quase uma hora a conversar, predominantemente, sobre cinema. Solas manifestou uma humildade tocante, mas ao mesmo tempo, um certo desencanto por não ter conseguido concretizar todos os seus projectos durante a sua carreira. Falou das suas experiências e da forma como angariava o (pouco) dinheiro para os seus filmes; a sua relação de amor-ódio com a sua pátria Cuba; a sua profunda admiração pela figura e arte de Luís Buñuel e o seu conhecimento de algum cinema português – Manoel de Oliveira e João César Monteiro. E recordo, igualmente, o tom amargurado com que admitiu a indiferença a que é votado o cinema latino-americano por parte dos EUA e da Europa.
Desde essa breve conversa, numa mais tive novidades do realizador cubano. Até hoje, ao deparar-me com a infeliz notícia da sua morte.

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