quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A violência num país sereno e desenvolvido


O que motivou o jovem finlandês Matti Saari (na imagem) para chacinar, indiscriminadamente, 10 colegas a tiro? Provavelmente, a mesma motivação que levou o estudante Pekka-Eric Auvinen a matar 8 colegas, há apenas 10 meses atrás, também numa escola finlandesa. Provavelmente, a mesma motivação que levou ao massacre no Virgina Tech há um ano e meio. Sem querer fazer o papel de psicólogo social, porventura, uma motivação que deriva de vários factores conjugados: paixão exacerbada por armas de fogo e pela violência dos videojogos, maior susceptibilidade às mensagens das bandas de rock gótico, propensão para pensamentos auto-destrutivos, etc.
A pergunta essencial passa também pelo contexto social em que ocorreu (pela segunda vez em menos de um ano) este massacre. Num país com altíssimos índices de desenvolvimento e de qualidade de vida económica e social, cujo sistema educativo é referência mundial, como se explicam actos tresloucados como este? Poderá o bem-estar social e a abundância financeira gerar tamanho mal-estar interior num indivíduo? Será esta uma sociedade na qual não existem outros valores senão os paradigmas do ultra-consumismo e do ultra-materialismo? Que Finlândia é esta cuja primeira causa de morte dos jovens entre os 20 e 24 anos é o suicídio? Uma sociedade quase isenta de criminalidade e delinquência, mas cujos dois recentes massacres obrigam a repensar que juventude é esta que mata e se mata. Uma sociedade da opulência material mas vazia, desorientada e sem ideais de vida.
No Público de hoje, pode-se ler um perturbante depoimento de uma cidadã finlandesa sobre a sociedade finlandesa e que pode explicar (em parte), este segundo caso de extrema violência na terra da Nokia: “Acho que estamos a viver bem demais. Em tempos de guerra, as pessoas entreajudam-se e têm um propósito de vida. Nos tempos actuais, os finlandeses não têm desafios, nem nada por que lutar.”

3 comentários:

Anónimo disse...

"maior susceptibilidade às mensagens das bandas de rock gótico"

Ó Vítor, isso nem parece teu. Isso é o tipo de bode expiatório que os conservadores utilizam nestes casos.

Anónimo disse...

"maior susceptibilidade às mensagens das bandas de rock gótico"

Ó Vítor, isso nem parece teu. Isso é o tipo de bode expiatório que os conservadores utilizam nestes casos.

Unknown disse...

Compreendo o que queres dizer. Este é um tema complexo e que nos poderia levar a um longo debate - saber até que ponto há ou não uma influência, directa ou indirecta, das bandas de rock sobre as acções violentas (suicídio, homicídio) dos jovens. Não sou conservador e reaccionário ao ponto de pensar que haja uma relação directa, mas o que sei é que há adolescentes e jovens que, fruto ainda de uma certa imaturidade psicológica e de personalidade, absorvem as mensagens das bandas e levam-nas totalmente à letra. E a susceptibilidade que falei dizia respeito ao facto de alguns jovens serem muito mais sugestionáveis do que outros, o que lhes pode criar uma visão obsessiva e alienada com a realidade. E se este mesmo jovem tiver tendências esquizofrénicas ou depressivas, pior ainda. Mas o que disse em relação ao jovem que cometeu o massacre na Filândia, não passam de conjecturas, hipóteses...