Se há música em contacto directo com a divindade, essa música é a dos monges (monks) budistas tibetanos. De todas as tradições musicais do mundo (world music), a música tradicional do Tibete é aquela que exerce, quanto a mim, um maior poder de fascínio e emoção. Um fascínio quase mágico.
Nunca me esquecerei, há muitos anos, quando ouvi pela primeira vez a música ritual de uma orquestra tibetana. O canto gutural tântrico dos monges, capazes de emitirem dois a três tons diferentes ao mesmo tempo (chamado canto diafónico), os espantosos instrumentos de sopro e os ritmos das percussões repetitivas (pratos, címbalos e pequenos tambores) fazem desta música uma experiência no limite do sensorial, do religioso (mesmo para quem não é crente). A cultura tibetana refere que os monges que conseguem cantar determinados cantos de maior complexidade harmónica, são aqueles que já alcançaram um nível de pureza espiritual mais elevado. Uma música das profundezas da alma.
Um dos grupos que mais tem feito para a divulgação da arte musical tibetana são os Gyuto Monks, que têm percorrido o mundo com as suas actuações de grande impacto musical e místico. Philip Glass, um budista assumido, soube como ninguém apreender a linguagem da música tibetana para o excelente filme "Kundun" (1997) de Martin Scorsese, tendo composto uma banda sonora de impressionante envolvência emocional.
Recordemos o trailer:
1 comentário:
gosto de explorar essas sonoridades, boa!
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