Arthur C. Clarke sabia bem o o que estava a fazer quando escreveu o livro "2001 - Odisseia no Espaço". Por seu lado, o realizador que adaptou a referida obra de Ficção Científica, o grande Stanley Kubrick, sabia igualmente o que estava a filmar.
O filme, magna obra de arte de Kubrick, retrata duas viagens: a espacial, pelo espaço sideral, e a interior, pela mente do homem e da Humanidade (suas memórias e desejos). Uma viagem maior do que a vida.
Em "2001 - Odisseia no Espaço", a personagem principal acaba por ser um... computador. Estávamos em 1969, muito longe ainda da erupção tecnológica e informática da era actual. HAL 9000, de seu nome, esse computador central de avançada inteligência artificial, representado por uma brilhante luzinha vermelha e pela voz fria do actor Douglas Rain, tinha a capacidade de falar naturalmente, interpretar a informação sobre os acontecimentos, monitorizar tudo o que se passava na nave espacial, detectar as emoções humanas e a fala labial, apreciar diversas manifestações artísticas e tomar decisões consideradas como racionais, justas e correctas à luz da lei do homem.
Apesar de programado para obedecer à voz humana, HAL 9000 acaba por ganhar vontade própria e, de forma maquiavélica, aniquilar a vida humana que resta na nave...
Este computador acaba por constituir uma medonha metáfora premonitória da realidade contemporânea: todos os dias ouvimos notícias que informam sobre a videovigilância do cidadão comum, nas ruas e locais públicos. Câmaras, computadores, satélites, tecnologias a rodos, maquinaria dotada de inteligência artificial, tudo para controlar (quase) todas as actividades da sociedade. Uma sociedade globalizada e altamente tecnológica, manietada pela paranóia da segurança, pela crescente dependência dos mecanismos electrónicos e digitais para tudo e para nada.
No filme de Kubrick, HAL 9000 tornou-se a dada altura - não se sabe bem porquê - dotado de vontade própria, ameaçador e letal. Os pessimistas indicam que a robótica (supostamente ao serviço do homem), poderá um dia revoltar-se e dominar a Humanidade. Delírio de ficção científica ou possível realidade?
2 comentários:
Caso seja possível dotar uma máquina de sentimentos humanos, será num futuro longínquo, impossível de prever neste momento. Até lá, acho que devemos "abraçar" a tecnologia (cada vez mais fascinante), sem nunca desvalorizar as questões éticas que se levantam, como a privacidade na Internet e na Videovigilância.
a ver vamos, a ver vamos...
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