domingo, 12 de setembro de 2010

Bugs Bunny ultra-violento


Já tinha abordado neste post a intervenção de guerrilha urbana do Decapitador, um artista londrino anónimo que se tem dedicado a degolar (com a ajuda preciosa do Photoshop) imagens da publicidade, moda e cinema.
Na senda do Decapitador, eis que surge o artista James Cauty que propõe uma intervenção estética similar, mas adaptada unicamente aos personagens de banda desenhada da Warner Bros (Looney Tunes).
James Cauty, (na imagem à esquerda com o filho numa exposição) foi outrora músico de dois importantes projectos musicais de pop electrónica – The KLF e The Orb, dedicando-se actualmente em exclusivo às artes plásticas.
Ora, o que James Cauty fez com os célebres personagens da Looney Tunes - Tom & Jerry, Bugs Bunny e Gato Silvestre, segue na esteira do trabalho subversivo do Decapitador. Isto é, intensifica, desproporcionalmente, a violência gráfica das imagens com degolações, sangue a jorros e desmembramentos. Manipula e altera digitalmente a realidade - como se pode ver no seu site. Há claramente a procura por um efeito de choque visual, subvertendo a lógica da natureza divertida dos “cartoons”. A exposição destes trabalhos de James Cauty esteve, há um ano, patente ao público na Aquarium Gallery em Londres (com o apropriado título “Splatter”) provocando alguma estupefacção e desconcerto.
Tom & Jerry assumem-se, nas mãos do artista, como personagens macabras e potenciadoras da violência mais "gore". É como se Peter Jackson fosse o realizador destes "cartoons" quando este fazia filmes de grande violência gráfica (mas ao mesmo tempo divertidos) como “Bad Taste” e “Braindead”. No fundo, não se trata de nenhuma intervenção artística inovadora, visto que o artista intervém directamente num objecto já pré-existente e, apropriando-se dele, modifica-o conforme o seu desejo de intencionalidade estética (Duchamp foi o primeiro a recorrer a este expediente com o famoso “ready made”).

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