No momento em que ontem Hulk marcava o penalty no jogo FC Porto x Benfica, veio-me à memória um livro cujo título tudo tinha a ver com aquele momento. Refiro-me ao livro “A Angústia do Guarda-Redes Antes do Penalty”, do escritor austríaco Peter Handke (na imagem). Livro que foi adaptado ao cinema pelo alemão Wim Wenders, que nunca tive a oportunidade de ver (apesar de grande admirador do cinema de Wenders).
Mas o livro conheço-o bem. Li-o há mais de dez anos, numa edição de 1987 da Relógio d’Água (imagem em baixo).
Na altura recordo-me que esta obra partia do universo do futebol para fazer um retrato da sociedade moderna. Ou seja, o futebol como metáfora da vida: o sucesso e o fracasso, o sofrimento e a alegria, a vitória e a derrota, a frustração e a excitação, a angústia e a ansiedade. Emoções que dominam o desporto-rei, tal como dominam a vida.
Peter Handke conta no seu livro - num escrita extremamente escorreita e quase visual - a história de Joseph Bloch, um canalizador que fora em tempos um guarda-redes de uma conhecida equipa de futebol. Um dia, sem nada o fazer prever, é despedido. Bloch começa então a deambular pela cidade, a frequentar hotéis decadentes e a conhecer personagens tão perdidas e solitárias quanto ele. Num dia, e sem motivo aparente, assassina uma amante ocasional e entrega-se à vida errante num mundo sem sentido.
Na altura recordo-me que esta obra partia do universo do futebol para fazer um retrato da sociedade moderna. Ou seja, o futebol como metáfora da vida: o sucesso e o fracasso, o sofrimento e a alegria, a vitória e a derrota, a frustração e a excitação, a angústia e a ansiedade. Emoções que dominam o desporto-rei, tal como dominam a vida.
Peter Handke conta no seu livro - num escrita extremamente escorreita e quase visual - a história de Joseph Bloch, um canalizador que fora em tempos um guarda-redes de uma conhecida equipa de futebol. Um dia, sem nada o fazer prever, é despedido. Bloch começa então a deambular pela cidade, a frequentar hotéis decadentes e a conhecer personagens tão perdidas e solitárias quanto ele. Num dia, e sem motivo aparente, assassina uma amante ocasional e entrega-se à vida errante num mundo sem sentido.
“A Angustia do Guarda-Redes Antes do Penalty” reflecte sobre um mundo onde essa mesma angústia grassa a todo o momento e se infiltra no meio de nós. Uma angústia existencial que transforma a realidade numa coisa baça e desprovida de sentido.
No fundo, a angústia causada pelo penalty (valha a verdade, tanto para o guarda-redes como para o futebolista rematador) não passa de uma metáfora da realidade quotidiana, um espelho de duas faces no qual todos nos vemos reflectidos. Ou seja, todos nós podemos ser, a dada altura da vida, Joseph Bloch.
4 comentários:
Tu curtes futebol demasiado?
Abraços.
Curto futebol moderadamente.
tb gosto do wenders. eu soube de alguns golos no concerto do Rui Veloso pq as pessoas à minha frente recebiam mensagens e mostravam à pessoa do lado :)
Também tenho essa edição com a capa feita com uma imagem do filme de Wim Wenders. "Mas o que é que acontece se o jogador que vai marcar o penalty seguir o pensamento do guarda-redes e acabar por decidir atirar para o canto para o qual costumava atirar? E assim por diante, e assim por diante." Nunca mais pude ver a marcação de um penalty sem me lembrar deste livro. :)
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