terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O que tem a "religião" a ver com isto?


No sábado, 24, o papa Bento XVI reabilitou quatro bispos tradicionalistas que lideram uma tal de Sociedade de São Pio X (fundada em 1970), que tem 600 mil membros ultra-conservadores e de ultra-direita que rejeitam a doutrina e as crenças da Igreja Católica Apostólica Romana. E qual o interesse disto? Richard Williamson (na imagem), um desses quatro bispos, fez declarações a uma televisão sueca nas quais negava a versão histórica do Holocausto, referindo, taxativamente, que as câmaras de gás nunca existiram e que nunca foram mortos 6 milhões de Judeus (no máximo, uns meros 200 mil, diz o bispo). A decisão do papa Bento XVI de reabilitar um bispo que nega a amplitude do Holocausto foi um duro golpe para a comunidade judaica, principalmente porque o papa é alemão, afirmou o Conselho Central de Judeus da Alemanha.
Que comentário fazer perante tamanha barbaridade? É tão chocante a afirmação do bispo Williamson como o respectivo beneplácito do próprio papa. Duvido que João Paulo II reabilitasse um bispo que defendesse a negação do Genocídio judeu. Mas sabemos que Joseph Ratzinger é alemão e este terá sido um factor determinante para a conivência com o bispo (a dedução é simples: se Ratzinger reabilitou os bispos dessa obscura Sociedade de São Pio X que nega o Holocausto, é porque concorda com eles). Ou seja, o anti-semitismo enraizado numa estrutura religiosa, ainda que disfarçadamente. A negação pública do Holocausto deveria ser crime, mais ainda, vinda de um líder religioso com responsabilidades na hierarquia da Igreja e que responde perante uma comunidade de 600 mil membros (que provavelmente pensam da mesma forma que Richard Williamson).
Nota: este assunto tem ainda mais relevo pelo facto de se comemorar, hoje dia 27 de Janeiro, o Dia Internacional da Memória do Holocausto (instituído pelas Nações Unidas).

7 comentários:

Rolando Almeida disse...

Victor,
estas bestas tem o direito de dizer as tolices que entenderem. Freedom of speech. A democracia consiste nisto mesmo: em também termos a liberdade de publicamente desmontar as tolices. Olha lá o papa que diz que o sangue se transforma em vinho. Já me viste que tamanha tolice? E a malta acredita naquela merda.É evidente que estas cenas são desagradáveis mas a verdade é que estas bestas estão a usar o seu direito à liberdade.

Ana Cristina Leonardo disse...

põe o link da entrevista para se ver bem a enormidade do bicho; bom, é só uma opinião (não é um sábio comentário, portanto]

Ana Cristina Leonardo disse...

ao rolando (cujo comentário vi agora)recordo o seguinte: não quererem usar preservativo é lá com eles, negar a História já nos diz respeito a todos

Unknown disse...

Link da entrevista do dito bispo da associação não-sei-quê: http://www.redicecreations.com/article.php?id=5658

Anónimo disse...

negar o holocausto *é* crime aqui na alemanha

Anónimo disse...

não negando o Holocausto, convém dizer que as coisas também não foram como a história dos media, dos filmes e até de muitos livros a contam.

e não creio que Simon Wiesenthal possa ser acusado de anti-judeu ou de negador do holocausto.

Gaseamentos na Alemanha

"Surgiu uma carta neste jornal intitulada "Erro nas Câmaras de Gás" (5 de Janeiro de 1993). Já que sou citado nesta carta, acho necessário declarar o seguinte:

É verdade que não existiam campos de extermínio em solo alemão e portanto não existiram gaseamentos em massa tal como os que aconteceram em Auschwitz, Treblinka e noutros campos. Uma câmara de gás estava a ser construída em Dachau, mas nunca chegou a ser terminada.


Gaseamentos, contudo, aconteceram em Mauthausen, que na altura pertencia à Alemanha.

O programa de eutanásia nazi incluía quatro instituições (Hartheim próximo de Linz, Hadamar, Sonnestein próximo de Pirna, e Grafenegg), nas quais pessoas, física e mentalmente deficientes, foram mortas – muitas vezes com a ajuda de gás. Todas estas quatro instituições estavam localizadas em solo alemão.

Foram encerradas na sequência de protestos mas antes serviram como uma espécie de escola para assassínios em massa: a partir de 1942 os membros das SS que lá prestaram serviço foram transferidos para os grandes campos de concentração, tais como Treblinka, Sobibor e Belzec na Polónia."

Simon Wiesenthal

Viena, Áustria"

rjnunes

Unknown disse...

Tais afirmações deviam dar origem a uns meses na cadeia para acalmar as ideias. Sinceramente, não existem muitas palavras que se possam oferecer a tais bárbaras declarações....