Este livro, sintomaticamente intitulado "Livros de Mais", de Gabriel Zaid, vai ao encontro que que escrevi aqui sobre o excesso de produção editorial em Portugal. Este livro vai mais longe e explora os paradoxos da edição mundial, as virtudes e inconvenientes da abundância editorial a nível planetário. O autor refere que, no fim de cada ano, existe mais de um milhão de títulos novos nas livrarias e bibliotecas, o que equivale que, a cada 30 segundos, um livro novo é colocado à venda. O negócio frenético em volta do negócio editorial envolve múltiplas variáveis, e urge saber se o leitor mais sôfrego consegue, minimamente, acompanhar as novidades editoriais. Claro que não consegue. Mesmo o leitor mais compulsivo e atento ao mercado só conseguirá ler, durante toda a sua vida, uma ínfima parcela de livros do bolo geral. Haverá sempre milhares de livros que lhe interessam mas que, por falta de tempo e disponibilidade, nunca conseguirá lê-los. E terá de estar permanentemente informado sobre as novidades editoriais.
Este livro de Gabriel Zaid vem de certo modo, complementar um ensaio do célebre crítico literário Harold Bloom, intitulado "Como Ler e Porquê" (Editorial Caminho, 2001), no qual partia da seguinte premissa: "Não há uma forma única de ler bem, apesar de existir uma razão fundamental para ler. A informação é-nos infinitamente disponível, mas onde poderemos encontrar a sabedoria?" Aí está o cerne da questão.
2 comentários:
apesar do excesso de livros publicados em portugal, pouco chega por aqui. infelizmente aproveitamos pouco da possibilidade de intercâmbio de cultura entre países de mesmo idioma. isso mesmo antes da reforma ortográfica tão questionável. eu gosto de pegar os livros na mão e pelo preço da tinta de impressora, é mais barato comprá-los em livrarias, criar grupos de empréstimos e comprar em sebos. inclusive no brasil há uma infinidade de sebos virtuais que atendem todo o país. beijos, pedrita
Peddita: o que quer dizer com "sebos virtuais"?
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