É um ensaio imperdível para quem gosta de música em geral e de cinema em particular. E mais em particular ainda, do cinema do russo Andrei Tarkovski (imagem à direita). Chama-se "A Criação Musical de Andrei Tarkovski" e está disponível, em documento PDF, aqui. Tal como o título deixa transparecer, trata-se de um ensaio, relativamente aprofundado e extenso, sobre a relação entre o cinema de Tarkovski e a música (e os sons). Uma relação extremamente rica e versátil pela qual sempre se pautou o exigente e formalista cinema do cineasta de "Stalker". O autor deste estudo é o crítico e investigador espanhol Paco Yáñez (imagem à esquerda).
Paco Yáñez explora individualmente cada um dos sete filmes do mestre russo, identificando as múltiplas formas expressivas que a música e os sons desempenham em cada um desses filmes. A linguagem está longe de ser académica ou conceptual, facto que facilita a leitura e a compreensão geral do ensaio. Um excerto: "A música para Tarkovski deveria fazer parte da paisagem cinematográfica existente em cada filme, contribuindo para uma carga conceptual e estética de uma extraordinária coerência em todos as suas obras. Todos os seus filmes constituem, em conjunto, um processo de depuração sonora paradigmática, que considero merecedor de análise pormenorizada a uma obra de cinema única em todo o século XX."
Paco Yáñez explora individualmente cada um dos sete filmes do mestre russo, identificando as múltiplas formas expressivas que a música e os sons desempenham em cada um desses filmes. A linguagem está longe de ser académica ou conceptual, facto que facilita a leitura e a compreensão geral do ensaio. Um excerto: "A música para Tarkovski deveria fazer parte da paisagem cinematográfica existente em cada filme, contribuindo para uma carga conceptual e estética de uma extraordinária coerência em todos as suas obras. Todos os seus filmes constituem, em conjunto, um processo de depuração sonora paradigmática, que considero merecedor de análise pormenorizada a uma obra de cinema única em todo o século XX."
4 comentários:
Acho que só aqui neste blogue se podem ler preciosidades destas...
A utilização mais arrepiante da música num filme russo (dos que conheço, claro) foi a do Requiem de Mozart na sequência final daquele que para mim é o melhor filme de guerra de todos os tempos, o Vem e Vê- Requiem para um Massacre, do Klimov. A primeira vez que o vi foi em vésperas de ir para a tropa, imagina. Mais valia ter visto os Monty Phyton a fazer ordem unida com tiques gay, pelo menos tinha dado umas boas gargalhadas antes de entrar no Inferno.
Victor, vais desculpar-me a auto-promoção mas és capaz de gostar de ler este post sobre as músicas de 2001: http://bitaites.org/banda-sonora-do-cosmos
Um abraço e continua.
Olá Marco.
Obrigado pelo comentário. Estou há que tempos para ver esse filme do Klimov! Aliás, desde que foi lançado em DVD pela Midas Filmes (há perto de dois anos) que ainda não o conseguir comprar. Nas Fnacs está esgotado, o que me leva a crer que teve muita procura. Já vi excertos do filme que me deixaram de queixo caído. E vi, precisamente, parte da sequência com o “Requiem” de Mozart, que me deixou fascinado. E as referências que tenho do filme é que é mesmo uma obra-prima, como insinuas. Ter visto este filme antes de ir para a tropa deve ter sido uma grande experiência!
Abraço,
Victor Afonso
Ah, e o texto sobre as músicas do filme "2oo1" está excelente.
Foi uma experiência inesquecível, garanto-te. O cinema e a música sempre me ajudaram a ultrapassar o dia-a-dia monótono e inconsequente da tropa. Por exemplo, quando fazíamos ordem militar eu ficava sempre atrás porque era dos mais altos. Isso permitia-me ver o pelotão em perspectiva e começava a olhar para aquilo como se fosse um filme do Kubrick. Quando tinha de montar guarida cantava para mim próprio todas as músicas de que gostava até passarem as duas horas. As figuras que eu devia fazer!
E juro que não fumava substâncias ilícitas...
É verdade, vê a mensagem que te enviei para o email no teu perfil do Blogspot.
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