No próximo dia 23 de Janeiro, assinalam-se 20 anos da morte do pintor espanhol Salvador Dalí, expoente máximo do surrealismo e um dos artistas mais influentes de todo o século XX. Amado e odiado em igual proporção, a figura polémica e provocadora de Dalí daria um filme (não sei como ainda nenhum produtor se lembrou disto), dada a excentricidade da sua obra e da sua vida. O próprio julgava-se possuído por duas características: a genialidade e a loucura. Era bem capaz de ter razão e nem sei qual dessas duas pesava mais na sua vida pessoal e artística. A sua importância não se restringe à pintura. A sua visão artística original foi colocada ao serviço do cinema, através de duas colaborações com o realizador Luís Buñuel ("Un Chien Andalou" e "L'Age D'or"), Alfred Hitchcock ("Spellbound", 1945) e Walt Disney ("Destino", lançado postumamente em 2003).
Um dos seus quadros mais famosos, "A Persistência da Memória" (1931), é uma obra espantosa sobre a importância do tempo e da memória no ser humano. Contudo, segundo o artista, este quadro resultado, apenas, de uma reflexão sobre a natureza do queijo Camembert... A sua musa e companheira durante décadas, Gala, após ter visto concluído o quadro dos relógios flácidos, disse a Dalí: "Quem quer que veja este quadro nunca mais o esquecerá".
Dalí, personalidade ímpar, megalómana, excêntrica, egocêntrica, insurrecta, deixou o mundo há 20 anos. O artista provocador que um dia disse: "Com seis anos de idade eu queria ser cozinheiro. Aos sete queria ser Napoleão. E minha ambição nunca parou de crescer desde então".
4 comentários:
Há uns anos tive a sorte de ver uma exposição temporária no Reína Sofia justamente sobre a vertente cinematográfica da obra de Dalí. Por mais louco que fosse (e parecia à brava), a genialidade haverá sempre de se sobrepor àquela loucura.
Fiquei a conhecer melhor a figura e a obra de Salvador Dali no ano passado, em que tive que fazer uma pesquisa intensiva sobre ele. Fiquei fascinada com o seu talento e a sua forma excêntrica de estar na vida.
aprecio o Salvador Dalí, e gostava de falar de uma coisa. Não sei se conhecem ou se já por lá passaram, mas até hoje, a obra do Salvador Dali que mais me impressionou e q apreciei (isto é sério) foi a casa dele, em Port Lligat, que ele comprou quando era apenas uma pequena divisão e foi ampliando até à sua morte. Fiquei pasmado como um mestre de marketing e de show off (para além das suas qualidades como artista) que inclusivé tinha um castelo e fez um museu para si totalmente monumental, pôde criar uma peça de arquitectura de imensa intimidade, que nasce de dentro para fora, totalmente anónima e valiosa. Recomendo.
Port Lligat, Catalunha, já bastante perto da fronteira com França. A povoação é a casa e pouco mais.
Sim, conheço a casa de Dalí. Quer dizer, nunca lá estive a visitá-la, mas sabia da sua existência e a forma como a utilizou e recriou. Pode ser que um dia, ao visitar a Catalunha, passe por lá...
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