domingo, 4 de janeiro de 2009

O demónio



Este senhor chama-se Ibrahim al-Ghaith e é o chefe da polícia religiosa da Arábia Saudita. Este país muçulmano, um dos mais fundamentalistas e censores do mundo, baniu durante três décadas o cinema, invocando que se trata de uma "vil forma de violar a lei islâmica". No entanto, após trinta anos de total censura, em que os cidadãos sauditas nunca puderam ver, sequer, uma película por mais inofensiva que fosse, as autoridades autorizaram a exibição de um filme produzido por um rico príncipe saudita. O filme chama-se "Menahi" e, segundo rezam as crónicas, trata-se de uma comédia familiar (adaptada de uma popular série televisiva) sobre as aventuras de um camponês no reino muçulmano. O filme foi um sucesso e levou milhares de pessoas às salas de cinema (nota importante: não se trata de um infame filme ocidental que veio corromper a moral islâmica, foi antes um filme feito na Arábia Saudita e com profundas raízes na história local).
Contudo, apesar de ser o único filme exibido em 30 anos na fundamentalista Arábia Saudita e apesar de se tratar de um mero filme de entretenimento "escapista", "Menahi" acabou por ser criticado pelo chefe da polícia religiosa, que viu nele a tal violação à divina lei islâmica. Mas fez mais do que criticar, claro. Acabou por proibir a exibição do filme em todo o território saudita. O argumento de Ibrahim é demolidor e sem remissão: "A nossa posição sobre este assunto é clara - proiba-se. Porque o cinema é o demónio e não precisamos dele. Já temos demónios que chegue". Será que se estava a referir a ele próprio?

2 comentários:

J. Maldonado disse...

Não estranho os factos que relatas, pois das arábias não se espera outra coisa, porquanto o seu povo vive na Idade Média.
Não sei se te interessas pela actualidade do Médio Oriente, contudo, recomendo-te este site televisivo árabe, pois nele poderás encontrar pérolas noticiosas fantásticas:

http://www.memritv.org/

Ana Cristina Leonardo disse...

não têm cinema mas têm petróleo.