segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Lars e Penélope


Penélope Cruz continua em alta. Enquanto espera se lhe sai em sorte um segundo Óscar, a actriz espanhola vai integrar o elenco do próximo filme de... Lars Von Trier (de habitual "chica" de Almodóvar para "femme fatale" de Lars, eis o que chamo de mudança radical no cinema).
O filme do realizador dinamarquês, intitulado "Melancholia", pretende ser uma "visão psicológica sobre o desastre" (não são todos os filmes de Trier sobre "desastres"?) e será estreado no festival de Cannes de 2011. Talvez para reeditar a polémica que houve em Cannes 2009 por causa de "Anticristo".

10 comentários:

LN disse...

Agrada-me a Penélope. E não, os filmes do Lars não são desastres. São reflexos genuínos da natureza. O Dogville é o maior filme do século XXI. E nem que vivesse os noventa anos que faltam, não veria melhor.

Unknown disse...

Claro que os filmes de Lars não são "desastres". O que eu referi é que são "sobre desastres", que é bem diferente.
"Dogville" é um excelente e original filme, mas não considero que se trate do melhor filme do século XXI.

LN disse...

Nao são desastres nem sobre desastres. São sobre a natureza humana, só. Se somos um desastre, o Von Trier também o é, e a verdadeira arte vanguardista nasce do desastre, da crise, da ruptura. Eis o cinema do homem novo.

Qual consideras ser? Que levante tantas questões de fundo como o Dogville? Não conheço e arrisco dizer que não existe sequer.

Unknown disse...

Bem vejo que és um fã de Lars Von Trier, um cineasta que gera paixões extremadas. Aliás, se há quem o considere o melhor (ou um dos melhores) cineasta vivo, outros há que o consideram exactamente o oposto - http://paraisodogelado.blogspot.com/2010/01/o-pior-realizador-do-mundo.html

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LN disse...

Victor, mas tu não tens opinião, é isso? As perguntas foram feitas a ti, e o que vejo nesse link é típico de um nerd frustradito por não ser, não ter capacidade de se exprimir pela arte. E depois também não deve ir muito à bola com arte "negra", se é que me entendes; aquela cena mais existencial própria da geração 90. É como um crítico: sabe tudo, sabe como se faz, até sabe, às tantas, quanto pó tinha o estúdio naquele certo dia de gravações... mas não sabe fazer.

E depois é um texto sarcástico àquele que é o pior filme do Von Trier, eu próprio o admito. É polido demais, fácil, acessível para o meu gosto e para o tema - calha sempre melhor a estética Dogma. E o Dogma é desse senhor. O Antichrist lembra-me o que aconteceu com o Bruno Dumont (é professor de filosofia além de cineasta) no Twentynine Palms. Houve uma conversão aos modelos estéticos americanos, mais bonitinho menos naive, para uma maior audiência. No fundo é o que esse texto questiona: a estética. Os apontamentos analiticos nem vou dizer nada que muito provavelmente o Mr. Capitão Napalm é um escritor de grande sucesso no mundo TV Guia. Não o vamos queimar com a sofisticação de Dogville: nem todos lá chegam, é pena.

Unknown disse...

Claro que tenho opinião.

Acredita que - com a mania das minhas listas - já tentei encontrar esse "melhor filme" do século XXI, mas ainda não cheguei lá.

Quanto ao texto sobre o "pior relizador do mundo", só me dá vontade de rir, muito menos de contrapor seja o que for.

Mas também não compreendo a tua observação sobre "Anticristo" ser "polido e fácil de mais". Em que aspecto? Estético? Conteúdo? Na "mensagem"? "Dogville" é outra louça e é incomparável com o resto da filmografia de Lars. "Anticristo" é dinamite comparado com "Dogville", que por vezes me parece um exercício rebuscadíssimo demais ao nível da linguagem cinematográfica, feito a pensar numa dimensão visual na qual a realidade se separa da materialidade.
Quanto ao Lars, continuo a gostar muito, mas muito, de "Europa" e de "Breaking The Waves".

LN disse...

Claro que é polido é fácil. As metáforas são fracas, o arrojo estético é só um gesto «manda areia para os olhos» - arrojo estético onde se exercita com eloquência linguagens tens o Svankmajer... Sileni, Otesánek, grandes filmes dos 00's, agrestes e profundamente criticos (só bombas na Igreja...) e de um alcance metafísico incomparável com este bébé chamado «Antichrist» (só o título já é um lugar-comum autêntico).

Flávio Gonçalves disse...

Cruz e Von Trier... a isto é que eu chamo uma espanholada ;)!

Ah, e Antichrist é um filme estrondoso - e não sobrevive somente da estética. Seria tremendamente redutor se tal o afirmasse. Considero-o um excelente e intemporal ensaio sobre o medo e o sonho do homem. Prima, na sua essência, por aí.

Abraços

F disse...

Breaking the Waves é GRANDE GRANDE GRANDE filme!