sábado, 11 de setembro de 2010

11 de Setembro: "O Homem em Queda"


Passam 9 anos depois dos ataques do 11 de Setembro em Nova Iorque.
Das milhares de imagens que esta tragédia revelou ao mundo, há uma que nunca esqueci e que se tornou uma espécie de símbolo desse dia - fez manchete em muitos jornais nos dias seguintes aos atentados: a fotografia, tirada pelo fotojornalista Tom Junod, de um homem em queda livre da Torre Norte do World Trade Center. Naquele fatídico dia 11/9, cerca de 200 pessoas se lançaram (ou caíram) para o mortal vazio, desesperadas perante o sufoco do fumo e do fogo.
As autoridades que prestavam auxílio (antes do desabamento das torres), disseram mais tarde que o som dos corpos a cair nos passeios era aterrador. Nada nem ninguém podia ajudar a avalanche de corpos em queda livre.
O fotógrafo captou estas imagens de um corpo que aparenta serenidade e determinação, em perfeita simetria com as linhas do edifício. Parece um corpo decidido a projectar-se para o vazio, controlando a sua trajectória no ar, quase como um falcão a atacar uma presa em terra. Mas não. O homem caía totalmente fora de controlo, desamparado, a uma velocidade estonteante. No segundo a seguir, o seu corpo rodopiou, o vento arrancou-lhe a camisa e, provavelmente, terá morrido de choque ainda antes de chegar ao solo.
Nunca se determinou, a 100%, a identidade deste homem.
Com o objectivo de identificar o homem desta fotografia icónica, para atribuir alguma heroicidade ao seu acto desesperado, para descobrir porque é que a imagem foi banida nalguns jornais e revistas de todo o mundo, o realizador Henry Singer investigou e fez um documentário intitulado "9/11 - The Falling Man" (2006).
O documentário nunca envereda por um sensacionalismo fácil, é sereno, respeituoso e objectivo na sua pesquisa. "The Falling Man" é um homem, um corpo, mas é também o símbolo de toda uma nação alvejada por uma torrente de violência que mudaria o mundo.
O documentário está disponível para visualização aqui.


Nota: "O Homem em Queda" é também o título de um livro do escritor norte-americano Don DeLillo, mas que, segundo o próprio, nada tem a ver com este homem que caiu da torre.

3 comentários:

Pedro Emanuel Cabeleira disse...

Parabéns. Um blog assaz interessante. Lembro-em também desta imagem que despertou em mim emoções completamente revoltas e irrespiráveis. Talvez seja pela sensação de invadirmos um momento tão pessoal desse homem, talvez por sabermos que ele vai morrer dentro de segundos e aí estamos nós a assistir a esse momento, a visualizar uma imagem que representa não só o fim desse homem mas que pode bem representar um possivel fim da humanidade. Uma pessoa que se atira para o "abismo" por um desespero não progressivo mas instantâneo, eu penso que mais do que a queda das torres, a queda deste homem simboliza o terror que foi esse marcante dia para a história da Humanidade.

Jorge Silva disse...

Pode ter morrido, antes de chegar ao chão, também, por asfixia devido à alta velocidade que o corpo atinge numa queda de tamanha altura.

blueangel disse...

Tendo sido uma morte por asfixia ou não, é algo desesperante e marcante. É confrontarmo-nos com qual das mortes escolhemos. Qual será a saída?
O caus que se gera dentro do edificio, ou a saída para o voo?
Qual das mortes será menos dolorosa e mais rápida?