segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Perguntas indiscretas - 36


O realizador João Botelho deu uma curta entrevista ao Diário de Notícias (no sábado passado) em que defende que “Hoje em dia, os miúdos não entendem o cinema clássico, o cinema deixou de ser um sítio de reflexão, de emoções, e por isso é preciso educar de novo as pessoas a irem ao cinema”.
Na essência, concordo com a opinião de João Botelho: a esmagadora maioria dos jovens não entende nem manifesta interesse em conhecer o cinema clássico; essa esmagadora maioria dos jovens prefere entreter-se em salas de cinema repletas de pipocas e coca-cola para verem filmes "fastfood" do pior que Hollywood tem para dar.
Só há uma coisa que Botelho não chegou a especificar: se ele refere que “é preciso educar de novo as pessoas a irem ao cinema”, significa que já houve tempos em que as pessoas foram educadas para irem ao cinema. Quando? Como? E de que forma os jovens podem ser, novamente, seduzidos para o cinema como linguagem artística e estética?

10 comentários:

Luís Mendonça disse...

Sugiro começarmos todos, TODOS MESMO, por aqui: http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N2948

My One Thousand Movies disse...

Em primeiro lugar, devia haver mais salas a passar filmes recentes.
A Lusomundo aos poucos foi acabando com as poucas salas de cinema decentes que havia no país.

Anónimo disse...

lembro-me que quando andava no ciclo da guarda (5/6º ano), nao podíamos sair para gozar dos feriados. metiam-nos numa sala escura e passavam filmes portugueses classicos. confesso que foi um bocado traumatico.
mas anos depois, nos meus 16 anos, abriu a mediateca, e foi onde começou a minha cinefilia.
penso que os filmes (e os livros, e os discos, etc.) so educam na puberdade. nas restantes idades, nao passarao de entretenimento.
para os jovens, portanto. e que melhor local que na sala de aula? infelizmente, os professores nao costumam fazer escolhas certeiras, e falham o alvo...
galo.

rita, a fine young girl who keeps spinning around disse...

Sou jovem e devo dizer que isto bem me irritou. Verdade que a maioria é como tu dizes "jovens que preferem entreter-se em salas de cinema repletas de pipocas e coca-cola para verem filmes "fastfood" do pior que Hollywood tem para dar" mas também há um "grupo" de jovens que eu conheco que dão valor ao cinema e sabem por vezes, tanto ou até mais do que pessoas mais velhas. É coisas como estas que por vezes me irritam.

rita, a fine young girl who keeps spinning around disse...

Sou jovem e devo dizer que isto bem me irritou. Verdade que a maioria é como tu dizes "jovens que preferem entreter-se em salas de cinema repletas de pipocas e coca-cola para verem filmes "fastfood" do pior que Hollywood tem para dar" mas também há um "grupo" de jovens que eu conheco que dão valor ao cinema e sabem por vezes, tanto ou até mais do que pessoas mais velhas. É coisas como estas que por vezes me irritam.

PortoMaravilha disse...

Olá !

Post interessante.

Qual o problema que se coma ou não pipocas quando se vê um filme ?

Que eu saiba, não meu país, quem passa a Agregation de Filosofia, dissertação que dura sete horas, pode comer pipocas... O que não impede excelentes reflexões e dissertações.

A culpa não é dos jovens nem das pipocas se tal ou tal filme não captiva ( ou captura ? )

Acho que o realizador de "Sem sombra de pecado" tem um discurso perigoso. Educar ?

Mas quando passamos Aniki Bobó, em preto e branco e legendado em Francês, os nossos estudantes esquecem os celulares ...

Porquê ?

Nuno

blueangel disse...

Eu lembro-me de começar aos 14 anos e ''enfiar-me'' na sala de cinema do antigo Picoas e começou a magia...não sei se fui educada ou não para.Assim como o gosto para a literatura, para o teatro...mas sei que a minha maior paixão continua a ser enfiar-me numa sala de cinema, SEM pipocas, que é um ruído que me irrita, assim como as pessoas que trocam palavras a meio de um filme. A minha ída ao cinema é a minha viagem solitária, ao meu mundo interior e exterior.Tenho pena que grandes salas de cinema tenham fechado.Ainda bem que ainda restam algumas para assistir ao que ainda de bom se faz.Mas confesso que ninguém me puxou para tal. Foi a minha procura....

disse...

Comentário rídiculo...Para dizeres isto mais valia estares calado...

Ha jovens que gostam de cinema e jovens que não gostam...(como ha jovens que gostam de futebol e outros nao...)

Gosto muito do teu blog, so detesto estes posts snobs...

Ha muito jovem que gosta de cinema e essa generalização que fizeste raia o patético...

Abraço, continua o BOM trabalho...

http://cinemaaokubrick.blogspot.com/

João disse...

O Sr. Botelho para dizer isto mais valia estar calado. É ridículo este pensamento. E já começa a irritar-me toda a gente que pensa assim.

Inês Gomes disse...

Mas antigamente os miúdos entendiam o cinema clássico? E o cinema era um sítio de reflexão? De emoções sem dúvida que era (como é hoje também). O cinema sempre foi (como é hoje) um espaço de evasão para a maioria das pessoas. E quase desde o seu início foi dirigido para as massas (como também é hoje). Para uma minoria, poderia ser de reflexão (como também acontece hoje). Na verdade, não mudou muita coisa. Hoje só há a mais as pipocas, a coca-cola e o 3D.
É engraçado como há tantas pessoas que teimam em recordar com nostalgia um passado que nunca existiu.