terça-feira, 19 de abril de 2011

A paranóia e o medo

Nos tempos que correm fala-se muito da manipulação da informação e da crescente paranóia à volta de alegados eminentes perigos que ameaçam a Humanidade. Ou a sociedade tal como a conhecemos. Há, por isso, teorias da conspiração para todos os gostos, de inspiração política, económica ou até religiosa.

Um dos melhores filmes sobre estes temas - ainda que não de forma aberta - é o filme "Bug" (2006), do realizador William Friedkin. Passou ao lado de muita gente quando estreou em Portugal no verão de 2006 (o Verão não é altura propícia para se dar atenção a este tipo de filmes).

Do mesmo realizador do essencial thriller dos anos 70 "Os Incorruptíveis Contra a Droga" (1971) e um dos mais assustadores filmes de terror de sempre, "O Exorcista" (1973), "Bug" é um filme-catarse dos traumas reminiscentes do pós-11 de Setembro. Numa contenção rara de recursos - um cenário de hotel decrépito e quatro personagens assoladas pela paranóia e pelo medo - o argumento é baseado numa peça de teatro de sucesso.

Paranóia, viagem aos abismos dos fantasmas interiores, metáfora política em jeito de pesadelo kafkiano num filme portentoso capaz de por em causa toda a ideia de segurança social e política contemporânea.

Devia ser visto por todos quantos detêm poder político e/ou económico à escala global.