Não há fome que não dê em fartura: depois de longos anos sem revistas de cinema, há alguns anos chegou a revista Premiere que tem aguentado até hoje. Pelo meio surgiram outros títulos que acabaram por desaparecerem à mesma velocidade que surgiram. A Premiere perdeu, quanto a mim, muito desde que foi reestruturada há cerca de um ano atrás.
Quando se punha em causa a viabilidade comercial da Premiere, dado o cenário da crise e da falta de leitores, o público português foi agora confrontado - não com mais um título, mas sim mais dois projectos editoriais inteiramente vocacionados para o cinema: Empire e Total Film, ambas revistas com larga implantação no estrangeiro e suportadas por fortes grupos económicos internacionais.
A Premiere conheço-a bem e por diversas vezes já a comentei no blogue. Há dias li a Empire e Total Film e a verdade é que são edições muito semelhantes: têm um "target" específico e assumido (espectadores que frequentam as salas de cinema comercial dos shoppings que querem notícias rápidas sobre a actualidade cinematográfica) e a linha editorial não foge, genericamente, dos pressupostos habituais: análise de estreias mensais, entrevistas a actores e realizadores, curiosidades das filmagens, reportagens de bastidores, radiografias mais ou menos exaustivas a filmografias de artistas famosos, etc. Basicamente, ambas as revistas se dedicam a publicar artigos traduzidos das congéneres estrangeiras, com algumas exepcções adaptadas ao mercado nacional.
Nestes dois produtos não existe crítica no sentido estrito e rigoroso (tirando a Premiere, não há colunistas credenciados que escrevem textos de forma mais aprofundada). O conteúdo editorial é meramente vocacionado para a divulgação e informação relativa ao mundo do cinema. E nem a reportagem (interessante, por acaso) da Empire sobre o Apocalypse Now de Coppola disfarça a prioridade claramente comercial da revista. Estas revistas configuram um formato jornalístico legítimo e necessário, mas o que duvido é que o nosso escasso mercado consiga, a médio prazo, assegurar a sobrevivência dos três títulos em questão.
11 comentários:
Pois é, já não se fazem revistas de cinema como antigamente: o "Cinéfilo" nos primeiros anos da década de 70 e o "Isto é Espectáculo" (a que se seguiu "Isto é Cinema") dos finais dessa mesma década deixaram marcas insubstituíveis. E também havia a "Panorâmica" ou o "Cineclube", ambas do Porto. Até um jornal como o "Sete" (que saudades!) cumpria melhor a função crítica.
O Rato Cinéfilo
viva.. nao ligo nada a essas revistas que exportam as tendências para os outros países! costumo ler na net a Take, a webzine tuga sobre cinema... pra quem nao conhece:
http://www.take.com.pt/
abc
Concordo plenamente com esse comentário Rato, realmente o "Sete" deixou bastantes saudades, foi uma das minhas primeiras portas de entrada para esta paixão cinéfila que hoje possuo! =)
Quanto às três revistas que actualmente existem em Português nenhuma se destaca...
A Premiere, como o "HQSD" bem referiu, à cerca de um ano atrás acabou por morrer de vez... se depois de ter ressuscitado dos mortos nos primeiros numeros ainda conseguiu ter alguma "piada", rapidamente se viu que nunca mais conseguiu atingir os niveis de qualidade de escrita que nos tinha habituado na década antes.
Abri a Total Film para dar uma olhadela e quando fechei fiquei na duvida se não era uma irmã gémea da Premiere tal era a falta de ideias...
Quanto à Empire, é uma quase cópia da revista mãe sendo esse um facto positivo no que toca a formatação mas vou esperar pelo 2º numero para ver o que dá a nível de conteudos para o nosso País...
Como diz o cego... vamos ver!
Parecem-me sósias da Premiere. Pipoqueiras ao extremo.
No entanto, isto poderá ser uma boa chance para a Premiere melhorar...
Apostasse uma destas publicações em melhorar a qualidade do seu nível de pensamento sobre o cinema e faria verdadeiro serviço público. Muitos dos leitores destas revistas não lêem coisas melhores, mais estimulantes, porque ninguém lhes dá pura e simplesmente. Não acredito na «burrice» dos públicos, leitores e afins. A única burrice é tratar os primeiros como se o fossem...
Só faltou mencionar no artigo a revista Magazine HD, que contém no seu interior uma parte da webzine Take.
Concordo com o Ricardo Martins, parecem-me pipoqueiras e coisa para vender. Faz mais o ípsilon com duas páginas dedicadas ao cinema do que estas revistas todas.
Tudo revistas sem interesse algum. Ainda assim não pude deixar de reparar na capa da Total Film o nome de Samuel Fuller.
Embora isto sejam tudo revistas para as massas e consequentemente viradas para os blockbusters, é algo curioso haver um artigo sobre o Fuller, algures ali perdido. Pode haver alguma vontade de mudar, ainda que não se possa fazer isso radicalmente.
Para quem já leu, já agora, o artigo vale alguma coisa?
A Total Film tem muita coisa para ler, e até a achei interessante. Mas para revista portuguesa, tem um artigo sobre o cinema português...
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