O filme “Coraline”, de Henry Selick, o mesmo realizador do celebrado “O Estranho Mundo de Jack” e do menos conseguido "James e o Pêssego Gigante, é uma pequena jóia de cinema de animação. Baseado numa história de Neil Gaiman, “Coraline” é uma variação muito interessante do universo de “Alice no Mundo das Maravilhas” - a criança Coraline descobre uma porta secreta pela qual se aventura num mundo, aparentemente, perfeito. Mas as ilusões enganam (qual “Alegoria da Caverna” de Platão) e por detrás da aparente perfeição e felicidade desse mundo, esconde-se uma malévola força do mal. A ilação moral a retirar da história do filme é óbvia: é preferível o mundo com as suas pequenas imperfeições (desde as relações humanas até às condições materiais) do que um mundo onde julgamos viver uma (falsa) e efémera felicidade.
Visualmente, “Coraline” é assombroso, e visto na sala de cinema em 3D torna-se uma experiência deveras impactante para o espectador. Concebido, basicamente, com a técnica de “stop motion”, o filme de Henry Selick recorre também a técnicas digitais para produzir determinados efeitos especiais, criando dois universos paralelos de um fascinante imaginário visual. “Coraline” não se equipara à qualidade geral (sobretudo à história e à estética) de “O Estranho Mundo de Jack”, mas anda lá perto. A música eficaz do compositor francês Bruno Coulais e da banda They Might Be Giants (apenas um tema) enriquecem sobremaneira as aventuras da personagem Coraline. A versão portuguesa de “Coraline”, traduzida e adaptada por Nuno Markl, está muito bem conseguida, assim como a dobragem dos actores. Em suma, o filme de Henry Selick é um magnífico filme de animação, formalmente sofisticado e criativo, que cumpre rigorosamente a sua função e que avança um passo largo na evolução do cinema de animação “stop motion”.
1 comentário:
Próxima ida ao cinema :)
Enviar um comentário