sábado, 14 de fevereiro de 2009

Um fio de sangue pela mão abaixo

De todas as notáveis fotografias que venceram o World Press Photo 2008, a minha favorita é esta. Uma imagem tirada nos motins da Grécia pelo fotojornalista grego Yannis Kolesidis. É espantoso o momento captado: o pormenor do sangue a escorrer pela mão de alguém que segura, zelosamente, uma pasta vermelha (cor de sangue) com os escudos da polícia de choque em segundo plano. Um momento de grande tensão e incerteza. Apesar de ter sido tirada num ambiente de grande agitação de massas, o fotógrafo parece ter tido o discernimento suficiente para focar a subtileza terrível daquele fio de sangue. Uma imagem que quase parece saída de um plano de um thriller realizado por um cineasta de grande domínio visual e plástico (não arrisco nomes). Uma imagem que poderia ser o cartaz de um filme político. O espectador olha (tal como olhou a objectiva da câmara fotográfica) para esta imagem e pergunta-se que ferimento teve este homem? Sentia o sangue que lhe escorria pela mão? O que trazia na pasta? Provavelmente, nunca o saberemos. E nem importa muito, na verdade.
Nota: carregando na imagem vê-se melhor a qualidade plástica da fotografia.

2 comentários:

Anónimo disse...

É este tipo de poder que aprecio na fotografia, a capacidade de traduzir um sentimento tao forte como a revolta numa imagem que eternamente retratara a expressão da alma deste homem. Sem dúvida das melhores (já aproveitei para dar uma vista de olhos pelo site).
Parece que o sangue lhe corre com tanta intensidade nas veias que acaba por ultrapassar o corpo, vindo para fora como se fosse uma grito de revolta de todo o povo grego. Sensacional!

abraço e continua com o teu excelente trabalho e contributo para o enriquecimento que tenho vindo a disfrutar com o teu blog.

cumprimentos,

Luís Almeida

Gonçalo Mira disse...

Também foi a fotografia que mais gostei, porque é muito forte mesmo sem ser contextualizada. Ao contrário da que ganhou, que apesar de ser boa, necessita da contextualização para adquirir toda a sua força.