terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Perseguição no asfalto


A primeira longa-metragem do então jovem realizador Steven Spielberg, “Duel – Assassino Pelas Costas” (1972), é particularmente interessante por vários motivos. Primeiro, porque se tratou de uma excelente adaptação para cinema de um conto originalmente pensado para a televisão, numa realização segura e vibrante. Segundo, por causa da extraordinária mas eficaz economia narrativa: história de dois antagonistas que e uma perseguição visceral na estrada: um automobilista e um camião nas estradas desérticas dos EUA. Terceiro, “Duel” é um notável tratado de montagem e de trabalho de sonoplastia. A banda sonora original, escassa mas contundente, é concebida apenas com base em ruídos e sons do meio ambiente (quando o camião cai pelo desfiladeiro, os sons que se ouvem parecem os de um leão a rugir).
Filmado em apenas 13 dias e com um soberbo Dennis Weaver como condutor perseguido e desnorteado, “Duel” é um magnífica obra de suspense em crescendo de intensidade (que Hitchcock não desdenharia) cimentada numa alucinante perseguição automóvel pelo deserto norte-americano. É quase como se John Ford filmasse um western no qual, em vez de cavalos em perseguição, existissem viaturas. Neste thriller de Spielberg, nunca se vislumbra a cara do camionista assassino, facto que aumenta a tensão no espectador. Da mesma forma, nunca se sabe qual a razão da perseguição mortal. E neste aspecto há uma referência directa a uma película de Hitchcock, na qual não se sabe o motivo da manifestação do Mal: “Pássaros”. Um excelente filme que se tornou de culto e que ainda é, para muitos amantes da obra de Spielberg, um dos favoritos da sua filmografia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo. Faço parte daquele grupo de pessoas que considera este um dos melhores filmes de Spielberg.

ALGUÉM disse...

Adoro os filmes dele!
Oieeee...tem postagem nova!!!
Aparece lá!
Ótima semana de leitura!