Vi na TVI a reportagem sobre sobre doentes terminais. Fico sempre impressionado quando vejo este tipo de casos. Lembro-me há anos de um documentário que vi na televisão sobre Alzheimer: um realizador acompanhou durante quase 10 anos o evoluir dramático da doença. Terrífico.
A reportagem da TVI incidia, sobretudo, em casos de doença de esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa progresiva do sistema nervoso. Esta doença deixa incapacitado o paciente em termos físicos e de modo progressivo, até ficar totalmente dependente de ajuda para sobreviver (e não viver).
Um dia li um livro magnífico - "Às Terças Com Morrie" de Mitch Albom - sobre um caso verídico: Mitch Albom, jornalista, reencontra o seu professor universitário, anos depois, quando este está em fase terminal de uma doença degenerativa do sistema nervoso (esclerose lateral amiotrófica) que o vai deixando incapacitado. Esta incapacidade torna-se mais chocante à medida que o leitor se apercebe que durante toda a sua vida, Morrie foi uma pessoa cheia de energia, que passava aos que conhecia, alunos, familia, amigos...
Quando Mitch descobre que Morrie tem pouco tempo de vida, combinam uma série de encontros regulares (terças-feiras) onde falam de temas como a aceitação da morte, o amor, o envelhecimento, a cultura, a família, o casamento, o dinheiro, as emoções e finalmente da despedida. Um livro frontal, numa lição de vida sem lamechices sentimentais, que ajuda a compreender a luta de um homem condenado pela doença terminal, mas que ainda assim, manifesta lucidez, energia, visão. O livro foi adaptado para um filme televisivo em 1999, com um fantástico Jack Lemmon no papel de Morrie (na imagem).
Pegando de novo na reportagem televisiva - vi médicos a defender, à luz das leis deontológicas, a defesa da vida até ao último suspiro, negando assim, a eutanásia aos pacientes terminais. Eu sempre fui contra esta perspectiva clínica (por ser fria e cerebral). O doente terminal, que sofre objectivamente (fisicamente e psicologicamente) de uma doença que o irá levar à morte, mais cedo ou mais tarde, deve ter o direito de optar pelo fim da sua própria vida - desde que essa opção de liberdade seja feita em consciência e de livre vontade.
O doente deve ter o direito a querer uma morte com dignidade, como expressão máxima da sua liberdade como ser humano. Foi este o sentimento que levou Ramón Sampedro a solicitar aos tribunais a eutanásia (vide o filme "Mar Adentro") e levou por diante o seu "direito de morrer com dignidade".
1 comentário:
Só para dizer que já acompanhei mais do que uma vez situações de doenças terminais. É claro que tenho que ser a favor da eutanásia.
E também não condeno o suicídio.
O que sabemos nós sobre o sofrimento alheio (por mais que ele nos entre pelos olhos dentro)? O respeito é uma coisa muito bonita.
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