domingo, 31 de outubro de 2010

Pasolini e o corvo marxista

Vi o filme "Passarinhos e Passarões" (1966) de Pier Paolo Pasolini. Brilhante dissertação fantasista do cineasta italiano sobre a religião, a vida, a morte, a política, o sexo e a memória histórica. Um homem (o comediante Totó - na imagem) e o seu filho caminham por uma estrada deserta. A meio do caminho encontram um corvo que fala. É um intelectual de esquerda, um marxista. O trio faz uma longa viagem e o homem e o filho regressam ao passado onde São Francisco os manda evangelizar os pardais e os falcões. De volta ao presente, o trio continua a caminhada e o falcão reflecte sobre o idealismo. E quando a fome aperta, é o corvo que serve de repasto...
Pasolini filma esta surreal e divertida história com uma grande frescura e competência, num registo estilístico que raia a comédia burlesca mas com um forte cunho de sátira política e social (como quase sempre foi apanágio do realizador).
Em "Passarinhos e Passarões" a música desempenha um papel crucial (do grande Ennio Morricone) e isso constata-se logo nos minutos iniciais do filme: os créditos são apresentados a... cantar! Uma solução brilhante e original de Pasolini.
Ver:

1 comentário:

Álvaro Martins disse...

Nunca vi este mas fiquei muito curioso.