Alain Robbe-Grillet morreu ontem aos 85 anos de idade. Foi o mentor do chamado "novo romance" francês (juntamente com Marguerite Duras e Nathalie Sarraute), caracterizado por uma inovadora linguagem narrativa não-linear, repleta de descrições de ambientes, de perfis psicológicos dos personagens. À semelhança da Nova Vaga do cinema francês da décda de 60, Robe-Grillet explorou novos territórios de experimentação da linguagem e da estrutura da narrativa. E esta faceta de experimentalista ficou para sempre marcada num filme charneira da "nova vaga": "O Último Ano em Marienbad" (1961), do realizador Alain Resnais. Neste sublime filme, a ausência de história convencional era colmatada com uma linguagem visual depuradíssima, com uma composição plástica da imagem de teor barroco e com o recurso a elipses, flashbacks e figuras de estilo. O conceito de memória e seus labirintos são, igualmente, objecto de descodificação nesta obra magna do autor de "Hiroshima Meu Amor".
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