A propósito do post sobre as séries televisivas de ficção, não posso deixar de referir aquela que porventura mais marcou o imaginário popular dos anos 60 e 70: "Hitchcock Apresenta". Juntamente com "Twilight Zone", ambas foram séries que colaram os espectadores ao pequeno ecrã, ambas influenciaram diversos realizadores - John Carpenter, Steven Spiellberg, Peter Jackson, Brian de Palma, etc. Quando muitos cineastas julgavam que a televisão era um meio de comunicação menor (anos 50/60) face à arte do cinema, Hitchcock soube vislumbrar as potencialidades narrativas da "caixa que mudou o mundo". Foram mais de 300 episódios de apenas 30 minutos cada, nos quais Hitchcock apresentava pequenas histórias intrigantes, macabras, misteriosas e de desfecho quase sempre inesperado. O humor negro (negríssimo) e a sensibilidade para gerir o suspense psicológico de Hitchcock eram elementos que não podiam faltar a esta série televisiva. Por isso se tornou viciante e houve inclusive um remake da série nos anos 80 (com realização de cineastas como Spielberg ou Joe Dante).
Recordo-me particularmente de um episódio que me marcou sobremaneira e que me causou arrepios gélidos na espinha. Conta-se numa penada: era adolescente, estava na cozinha a comer qualquer coisa enquanto assistia a mais um episódio de Mr. Hitch. Era a história de um presidiário que tinha subornado o velho coveiro da prisão para que o deixasse esconder-se no caixão do próximo presidiário que morresse. Ambos combinaram que, assim que o caixão fosse enterrado no cemitério (no exterior da prisão), o coveiro o desenterrasse a tempo para não sufocar, para desta forma fugir rumo à liberdade. Um dia, quando o presidiário ouviu o sino a indicar o falecimento de um outro presidiário, dirigiu-se à morgue e, no escuro, escondeu-se dentro do caixão ao lado do cadáver. Esperou ansioso. Pelo movimento do caixão, percebe que o estão a enterrar. Não vê a hora do coveiro o desenterrar. Angustiado, o presidiário acende um fósforo para ver quem tinha morrido. Assim que ilumina o rosto do cadáver, vê a cara... do coveiro! O episódio termina com um grito lancinante e a luz do fósforo a esfumar-se. Lembro-me que fiquei estarrecido e muito incomodado psicologicamente com aquele desfecho arrepiante, e naquela noite dormi mal a pensar como teria sido se alguém passasse por aquela situação horrenda. E fiquei também a saber outra coisa: que o sentido mórbido de Alfred Hitchcock não tinha limites para impressionar o espectador.
Nota: faz parte do mito urbano que esse episódio despoletou nalguns espectadores a tafofobia (ou tafefobia), ou seja, a fobia que se caracteriza pelo medo mórbido de ser enterrado vivo e acordar preso dentro de um caixão sob o solo. Brrrr!...
6 comentários:
Partilho do mesmo gosto, e inclusivamente também vi esse episódio que me marcou até hoje.
Foi genial os desfecho de mais uma metragem do mestre Hitchcock.
Se me pudesse ajudar, adoraria saber o titulo dessa mesma metragem.
Cumprimentos.
Infelizmente não posso ajudar porque nuna consegui saber qual o título desse episódio...
Olá meus amigos. Esse episódio marcou muito mesmo, o nome é: "Final Escape", mas nunca consegui encontrar na net.
Grande abraço !
Eliseu - Brasil
msn: eliseuvolpe@hotmail.com
Bem, vi esse episódio era eu uma criança e marcou-me para sempre...
É que ainda hoje, por vezes, comento este magnifico final com os amigos...
Luís Santos
Lembrei-me há dias deste post e andei a procura do eipsódio. Era a este que te referias?
http://www.mevio.com/episode/87288/alfred-hitchcock-hour-finale-escape-2-21
Para ver online não encontrei nada com melhor qualidade.
Sim, era este! Ainda que eu tenha mais na memória a versão dos anos 80 do mesmo episódio.
Obrigado ;)
Enviar um comentário