Ernest Hemingway (na imagem), Kurt Cobain, Camilo Castelo Branco, Ian Curtis, Jacqueline Kennedy Onassis, Roland Barthes, Jean Michel Basquiat, Walter Benjamin, Mishima, Guy Debord, Cleópatra, Florbela Espanca, Gogol, Adolf Hitler, Virgínia Woolf, Primo Levi, Stefan Sweig, Anna Karenina, Sylvia Plath, Guy de Maupassant, Vincent van Gogh . O que têm estas pessoas em comum, além do facto de serem famosas? O suicídio.
Como dizia Albert Camus, o suicídio deveria ser a questão crucial da filosofia. Ou seja, tentar saber se a vida merece ou não ser vivida. A morte em geral e o suicídio em particular, continuam a ser assuntos tabu na cultura ocidental. No Japão, a morte voluntária é encarada com certa bonomia e tolerância cultural, sendo e o harakiri (suicídio através da espada - foi como morreu o escritor Mishima) era uma prática comum nos samurais (para não falar no terrível fenómeno kamikaze da 2º Guerra Mundial). No Japão há inúmeros casos de suicídios colectivos de jovens e até crianças, muitas das vezes combinados pela internet.
Durkheim foi um dos primeiro sociólogos a estudar seriamente o fenómeno do suicídio. E durante a segunda metade do século XX, houve muitos estudos que apontavam para a relação entre a actividade artística e o suicídio, entre as doenças mentais (depressão, esquizofrenia) e a criatividade. O facto é que ao longo da história da humanidade houve centenas de artistas, cientistas, poetas, escritores, músicos, políticos, cultos e inteligentes que, voluntariamente, puseram fim às suas vidas. Entramos nos desígnios insondáveis da mente humana. Portugal tem um longo e relativamente vasto historial de suicidas: Antero de Quental, Camilo Castelo Branco, Mário de Sá Carneiro, Florbela Espanca.
Arthur Schopenhauer defendia que cada um é livre de pôr termo à sua vida. É a consequência de o homem se tratar de um ser livre. O “Dicionário de Suicidas Ilustres” (edição brasileira) de J. Toledo compila os casos de suicídio de mais de 700 pessoas famosas oriundas das mais diversas profissões (mas com especial enfoque nas profissões artísticas). No livro, comtam-se por exemplo, o suicídio de seis prémios Nobel, inúmeros prémios Pulitzer e mais uma grande quantidade de informações sobre os personagens ficcionais suicidas que se tornaram célebres, tanto na literatura quanto no cinema, como Anna Karenina, heroína do livro homónimo, escrito por Tolstoi. A morte será sempre um tema eterno nas discussões populares ou intelectuais, e o suicídio continuará a possuir aquela aura de mistério, de cobardia ou de coragem (conforme a opinião de cada um), de forma de fugir ao sofrimento ou como carro de combate para o debelar. E continará a exercer um profundo fascínio o exercício de tentar compreender (psicologica e culturalmente) porque é que se matam escritores e poetas, músicos e filósofos, artistas e pensadores, homens e mulheres de espantosa inteligência e formação. Se calhar, é porque, como diz Camilo Castelo Branco, "o suicídio não é uma coragem vulgar. Suicidam-se os que se desprezam a si e ao mundo."
3 comentários:
O Gogol não se suicidou e a Anna Karenina não é bem uma pessoa :-)
De facto: Gogol não se suicidou.
Já com Anna Karenina, é óbvio que não é uma "pessoa", mas sim uma personagem literária (que também foi adaptada ao cinema). Se ler o meu post, é a isso que me refiro: o livro que menciono sobre suicidas ilustres também alude a personagens fictícias que se suicidam. E a personagem criada por Tolstoi acaba por se suicidar.
Eu percebi... já, agora a jackie kennedy e basquiat tb não o fizeram.
"O suicida é um homicida tímido"
Cesare Pavese
[este sim, sem dúvida, suicidou-se]
Enviar um comentário