"Where The Wild Things Are" é um filme sobre a infância, sobre a inocência da infância. E nesse aspecto o filme de Spike Jonze é particularmente ternurento, dado que a fantasia e a imaginação de uma criança representam toda a inocência do mundo. Os fabulosos monstros felpudos (criados pela empresa de Jim Henson) são personagens que fazem a ponte entre a realidade e a fantasia, que acreditam que Max (a criança entedieda do mundo real) é o Rei por que tanto esperavam. Max, por seu turno, faz-se passar por Rei para ganhar a confiança dos seres selvagens. E descobre que no mundo da pura fantasia há diversão e amizade, mas também grassa o ressentimento e a desilusão.
Spike Jonze, o cineasta original de "Beeing John Malkovitch" (1999), "Adaptation" (2002) e de muitos videoclips de referência (como os dos Beastie Boys), recria em imagens o fascinante universo da imaginação do escritor Maurice Sendak (livro de 1963).
Jonze consegue imprimir espírito de fantasia ao seu filme, com belas sequências filmadas no deserto e da aridez da natureza. A relação entre a criança e os seres selvagens resulta numa metáfora sobre a relação entre os seres humanos. Uma metáfora onde, afinal de contas, tudo pode acontecer, como no mais inocente sonho.
O realizador não se preocupa em impor uma moralidade na sua abordagem ao universo infantil; o filme termina da forma mais desarmante e normal do mundo, no seio da segurança familiar (não vou pormenorizar o final para não causar "spoilers"), como se nada se tivesse passado entretanto. Mas esse "entretanto" acabou por ser "tudo" para a imaginação do pequeno Max... Daí que, quanto a mim, o título mais apropriado para este filme de Spike Jonze seria "O Sítio dos Sonhos Selvagens".
1 comentário:
Tudo dito. Vi a ante-estreia no domingo e saí do cinema satisfeito.
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