Há uns anos li uma entrevista que não mais esqueci a Michel Chion.
Chion é escritor, argumentista, ensaísta, jornalista (colaborador de muitos anos da "Cahiers du Cinéma", compositor de música experimental e concreta - tem vários livros sobre música electrónica e concreta) e é um especialista no cinema russo.
Michel Chion é, igualmente, uma autoridade mundial na investigação da relação entre a música, o som e o cinema, com vários estudos publicados. Tem livros sobre David Lynch, Pierre Henry, Pierre Schaeffer, Jacques Tati, Andrei Tarkovksi, Stanley Kubrick e Terence Malick. Um dos seus textos mais citados é sobre a voz no cinema e suas múltiplas formas de expressão. Um dos seus livros mais conhecidos é "Audio - Vision", já com edição portuguesa
Na dita entrevista que li (à conhecida revista Wire), Michel Chion explica todo o seu rico percurso profissional, as ligações aos músicos que fizeram história, as relações com a tecnologia musical, as metodologias de trabalho e de investigação nas mais diversas áreas, entre outros assuntos interessantes. A propósito da sua forte relação com o cinema, refere que os seus cineastas de eleição são Tati, Tarkovski, Fellini, Malick e Kubrick. Não aprecia particularmente realizadores do "paradoxo audiovisual snobista e da retórica", como Godard. Chion contrapõe dizendo que prefere o cinema puro e realista de Tarkovski, com um sentimento infantil muito mais forte e poético.
Foi a primeira vez que li uma opinião tão negativa referente a uma figura aparentemente consagrada como Godard e vindo de alguém tão especializado em cinema. E não deixa de ser curioso o facto do escritor e ensaísta francês coincicidr com os meus três cineastas preferidos de sempre: Tati, Kubrick e Tarkovski.
Se um dia conhecer Michel Chion, teremos muito para conversar.
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