“Eraserhead” não é só um filme. É uma experiência audiovisual e sensorial sem grande concorrência na história do cinema. É um pesadelo expressionista cujo impacto no espectador perdura muito para além do fim do genérico final.
Conheci há tempos um professor de cinema que me disse: "Já vi todos os filmes mais repugnantes, extremistas e radicais da história do cinema; a violência gore não me afecta, mas há qualquer coisa em 'Eraserhead' que me impede de aderir ao filme. Não consigo suportar aquilo."
E compreendo esta reacção. O primeiro filme de David Lynch é um meteorito alienígena que aterou, sem aviso, no Planeta Terra. Do princípio ao fim, é um denso filme de terror visual e psicológico que incomoda. O som é ininterruptamente industrial e agreste, áspero até mais não, que transforma esta obra numa catedral da bizarria estética e de universos surreais.
Acontece que no inevitável Youtube há um trailer do filme que subverte a essência dramatúrgica desta obra: com música apropriada e montagem minuciosa, a ideia que perpassa por este trailer é que se trata de uma comédia a estrear no Verão para todas as famílias.
Não deixa de ser interessante e… bizarro, constatar que o efeito no espectador menos precavido é alcançado. Não vá é esse espectador que ainda não conhece o filme esperar uma comédia romântica tal como é apresentada nestes 90 segundos de trailer!
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