quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"O Pássaro Pintado"


Sobre este livro disse o realizador espanhol Luis Buñuel: "Talvez o livro que mais me tenha impressionado". Por seu lado, o famoso escritor Arthur Miller afirmou: "Um feito literário muito importante e muito difícil de conseguir".
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Editado em Portugal pela editora Livros de Areia, "O Pássaro Pintado" é um livro originalmente editado em 1965 por Jerzy Kosinski (1933-1991), escritor de origem polaca que sobreviveu durante a 2ª Guerra Mundial, ocultando a sua identidade judaica no seio de uma família católica polaca. Esta obra literária granjeou-lhe imensa notoriedade no meio literário, e nos anos seguintes tornar-se-ia uma das figuras de vanguarda pelo seu trabalho no mundo das artes e letras como professor, ensaísta, fotógrafo, argumentista de cinema e romancista. Suicidou-se em 1991.
O livro de Kosinski é baseado nas memórias de infância do próprio autor e retrata as deambulações de uma criança que foi deixada ao cuidado alheiro durante a Guerra, numa aldeia recôndita da Polónia. A velhota responsável morre, e o rapaz vê-se sozinho ao frio, em busca de abrigo e de alimento. Sucessivamente marginalizado pela sua tez morena entre os aldeões loiros de olhos azuis, vai sofrendo vários actos de agressividade perversa. O livro tem passagens duras, de grande sofrimento e de uma tristeza latente. A escrita é fluída, quase cinematográfica, de grande rigor e precisão narrativa.
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"O Pássaro Pintado" daria um excelente argumento para um filme sobre os horrores da 2ª Guerra Mundial, muito ao estilo de filmes como "A Infância de Ivan" (1962) de Andrei Tarkovski ou "Vem e Vê" (1985) de Elem Klimov, dois filmes espantosos que retratam o sofrimento cruel vivido por crianças durante o horror nazi.
Seja como for, a obra literária de Kosinski vale por si própria - ainda por cima com ilustrações originais do consagrado ilustrador João Maio Pinto - e é altamente recomendável a sua leitura.

1 comentário:

R N Launé Macêdo disse...

Este foi o primeiro livro que li. Simplesmente uma obra "indizível", narração perfeita dá pra ver o sofrimento e até mesmo sentir o frio que aquela criança sentia ao longo de sua jornada infindável naquele mundo de intolerância.

Recomendo fortemente.

Launé.