segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Erland Josephson como Domenico


No dia de entrega dos Óscares, uma triste notícia ensombrou o dia de celebração do cinema: a morte do actor Erland Josephson.
Josephson participou em diversos filmes de Ingmar Bergman mas na minha memória cinéfila ficará para sempre as suas duas interpretações em duas obras de Andrei Tarkovski: "Nostalgia" (1983) e "O Sacrifício" (1986). Em ambos os filmes, Erland incute uma interpretação de grande entrega e intensidade emocional. Na sua primeira colaboração com Tarkovski no filme "Nostalgia", o actor sueco interpreta Domenico, um homem tido como alienado, louco, à margem da sociedade, mas que tem um entendimento do mundo e do homem próprio de um filósofo erudito.
Esta é porventura a sequência mais emblemática do filme, na qual Erland, na pele de Domenico, prepara o seu suicídio numa praça de Roma enquanto discursa palavras de ordem sobre a alienação do homem moderno. A plateia de transeuntes está estática, amorfa e sem reacção perante tão inusitada encenação trágica, como que à espera do desfecho final. É um discurso fabuloso sobre a condição humana no mundo, um momento de pura redenção e de fé numa réstia esperança na salvação do homem.
E Erland Josephson é grandioso na forma como encarna o personagem e toda a encenação (legendas em espanhol):

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