sábado, 25 de fevereiro de 2012

John Williams vs. Alberto Iglesias


"A música actual para cinema abusa de lugares-comuns. Existe uma espécie de estilo internacional que serve para tudo. O estilo de John Williams está bem para naves espaciais e para dinossauros, que é o que faz, mas é mau quando utiliza este estilo para tudo com o intuito de chegar às nomeações a qualquer preço."
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Esta declaração foi proferida pelo compositor para cinema Alberto Iglesias numa entrevista ao jornal espanhol El Mundo. Iglesias ficou conhecido pelas bandas sonoras dos filmes de Pedro Almodóvar e nos últimos anos tem recebido o reconhecimento por aprte da Academia de Hollywood: obteve três nomeações ao Óscar de Melhor Banda Sonora Original. Este ano está nomeado pela música que compôs para o filme "Tinker Tailor Soldier Spy" de Thomas Alfredson.
Mas dificilmente conseguirá ganhar, porque no lote de nomeados está o veterano John Williams (tem 80 anos) que conta no currículo com um impressionante 'score': 5 Óscares e 47 nomeações em cinco décadas de carreira (e com muitos anos de colaboração com Steve Spielberg). Este ano está duplamente nomeado: pela composição para "As Aventuras de Tintin" e para "War Horse".
Mas a verdade é que, sem menosprezar o papel central que John Williams detém na história do cinema, eu concordo com a afirmação de Albert Iglesias. Ou seja: actualmente, o estilo de composição orquestral e épico de John Williams está datado e o compositor americano adapta-o a todo o tipo de género cinematográfico: dramas, aventuras, ficção científica, acção ou até comédias. A sua estética remeteu-se para um conservadorismo sem tréguas e para um caminho do qual não se vislumbra qualquer elemento de originalidade. E é claro que o seu estilo se adapta, como uma luva, ao gosto musical - também ele conservador - da Academia de Hollywood (longe vai o tempo em que Williams surpreendia com imensa criatividade como no filme "Tubarão").
O espanhol Alberto Iglesias é, sem dúvida, um talentoso compositor. E há outros talentosos e jovens compositores para cinema com ideias refrescantes e originais. Pena é que a Academia só premeie a previsibilidade e - pegando nas palavras de Iglesias - os "lugares-comuns".

4 comentários:

joao amorim disse...

neste momento há dois músicos que penso que têm um papel muito importante no cinema:

Gustavo Santaolalla, um dos responsáveis por aquele ambiente etéreo dos filmes mágicos de Iñarritu. o fim do Babel é congelante, primeiro com Ryuchi Sakamoto e já nos créditos com o Gustavo.

Jon Brion, pouco conhecido, trabalhou nalgumas bandas sonoras dos filmes de Kaufman. algo experimental, consegue recriar o estado de espirito do Synedoque Nova Iorque, sugiro a "something you can't return to".
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um exemplo português bastante interessante é o de Bernardo Sassetti, em Alice.

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