Desde há uns 15 anos que sigo em directo a transmissão dos Óscares. Independentemente de ser um ano mais interessante ou não, é já um ritual assumido. À semelhança do que fiz nos últimos 4 anos neste blog, eis as minhas impressões muito genéricas:
- O anfitrião Billy Cristal repetiu-se e desiludiu. Apesar de ser a nona ocasião em que apresentou a cerimónia, acabou por não surpreender, pelo menos ao vivo (já as montagens com os filmes nomeados tinham alguma graça). Limitou-se a repetir o número musical "It's a Wonderful Night for the Oscars", fazendo lembrar quão brilhante tinha sido, há uns anos, Hugh Jackman a fazer um número musical.
- Não houve grandes surpresas na distribuição dos Óscares, com a salomónica decisão de repartir 50% de Óscares para "O Artista" e "Hugo". Os Óscares para "Hugo", apesar de serem mais técnicos, são perfeitamente justos, porque sem a mestria técnica que o filme de Scorsese exibe, não teria o brilho plástico e visual que realmente tem.
- É impressionante a forma fria como a plateia aplaude (ou não) Óscares de categorias menos populares, como curtas-metragens de animação, categorias técnicas ou, até, o melhor filme estrangeiro. Meteu dó as escassas palmas com que o realizador iraniano Asghar Farhadi foi recebido quando subiu ao palco para receber o Óscar pelo seu filme "Uma Separação". Sim, no caso específico do Irão, há questões políticas sensíveis pelo meio, mas a noite era de celebração do cinema, fosse que país fosse.
- Apesar de não ter grandes momentos mortos e desinteressantes como noutras cerimónias, a verdade é que a produção não se esmerou em termos de espectacularidade. Espectáculo só mesmo o Cirque du Soleil.
- Os momentos solenes de homenagem aos artistas do cinema já falecidos ("In Memoriam") pecou pelo sentimentalismo exacerbado, e quase não houve tempo para perceber quais as personalidades homenageadas.
- Dualidade de critérios no limite de tempo aos premiados para discursarem: 45 segundos exactos para um director de som desconhecido (a música começou mesmo a tocar por cima do seu discurso) e largos minutos para individualidades mais famosas.
- Ridículo o facto de só ter havido duas canções nomeadas para a categoria de Melhor Canção. Será possível que a inspiração musical de 2011 tenha sido assim tão, mas tão escassa?
- Muito bem atribuído o Óscar de Melhor Música Original para o compositor Ludovic Bource por "O Artista". Fazer música para um filme mudo hoje em dia era uma tarefa muito exigente, e conseguiu um resultado estético muito interessante, conjugando a tradição musical dos anos 1920 com um toque de modernidade.
- Gostei do Óscar de Melhor Argumento Original atribuído a Woody Allen pelo filme "Meia-Noite em Paris". Claro que o cineasta não estava presente no Kodak Theatre - provavelmente estaria a tocar clarinete com os amigos nalgum bar refundido de Manhattan.
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E pronto, para o ano há mais!
1 comentário:
Não sendo os vencedores uma grande surpresa nesta cerimónia, é curioso como a Europa acabou por ser representada nestes Óscares (em relação aos prémios de melhor filme, melhor realizador e até mesmo melhor argumento original).
Pessoalmente fiquei com pena de "The tree of Life" não ter recebido nada, pois foi, de todos os nomeados, o filme que me prendeu mais à cadeira da sala de cinema mas... eu não faço parte da Academia por isso o meu voto não conta... =P
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