Já aqui tinha escrito sobre o estranho fenómeno do aproveitamento comercial de figuras públicas que escrevem livros... porque são figuras públicas. Mas a visita que fiz hoje à livraria Bertrand superou todas as (piores) expectativas e ia-me causando um perigoso ataque de taquicardia. Em destaque na vitrina da livrara, bem no meio dos consagrados escritores Mia Couto e Salman Rushdie, dei de caras com um romance (sim, romance) do comentador social da TV (nem jornalista é) Cláudio Ramos. O livro intitula-se "Abraça-me" e, pasme-se, é editado pela própria Bertrand (enquanto editora)! Ou seja, ficamos a saber que a Bertrand Editora socorre-se de figuras pseudo-mediáticas para vender livros (ok, não é a única, mas sempre associei uma certa credibilidade editorial à Bertrand). Nunca me teria passado pela cabeça tal coisa - ou então sou eu que sou ingénuo demais.
Não resisti e perdi quase 10 minutos do meu precioso tempo a folhear e ler passagens desta "obra literária" do comentador "cor-de-rosa". E foi mais que suficiente para concluir que o livro "Abraça-me" é puro lixo (sem pruridos). Uma escrita incrivelmente ingénua que roça o patético (sobre a história de uma criança falecida), frases construídas como se fossem de uma redacção primária, clichés atrás de clichés, vazio total ao nível das ideias, da construção frásica. Já li composições de crianças de 12 anos muito melhor escritas e com mais criatividade do que a verborreia inútil deste rapaz que se julga escritor. E o Cláudio Ramos chama a isto livro e a Bertrand legitima este objecto como "literatura", orquestrando uma grande campanha de marketing como se estivesse a vender um Prémio Nobel! Inacreditável.
Não resisti e perdi quase 10 minutos do meu precioso tempo a folhear e ler passagens desta "obra literária" do comentador "cor-de-rosa". E foi mais que suficiente para concluir que o livro "Abraça-me" é puro lixo (sem pruridos). Uma escrita incrivelmente ingénua que roça o patético (sobre a história de uma criança falecida), frases construídas como se fossem de uma redacção primária, clichés atrás de clichés, vazio total ao nível das ideias, da construção frásica. Já li composições de crianças de 12 anos muito melhor escritas e com mais criatividade do que a verborreia inútil deste rapaz que se julga escritor. E o Cláudio Ramos chama a isto livro e a Bertrand legitima este objecto como "literatura", orquestrando uma grande campanha de marketing como se estivesse a vender um Prémio Nobel! Inacreditável.
Nunca pensei que o mercado do livro em Portugal descesse tão baixo e que tivesse de se socorrer de figuras televisivas que, até como figura televisivas, são perfeitamente fúteis. Está longe de ser o primeiro caso e, pelos vistos, é um filão que está longe de esgotar.
Se alguém tiver coragem de ler o primeiro parágrafo deste objecto (e daí tirar as sua próprias ilações), poderá fazê-lo no blogue do autor.
PS: afinal este livro não representa a estreia de Cláudio Ramos no romance. Em 2008 editou "Geneticamente Fúteis". Afinal temos mesmo escritor.
9 comentários:
Nos dias que correm é dificil uma editora não publicar lixo, nem que seja com a desculpa disso servir para compensar a edição de literatura, que supostamente não vende. No caso do catálogo actual da Bertrand terei dificuldade em achar algo que se enquadre nesta definição e que, portanto, sirva de desculpa.
Olha, por exemplo, estes palhaços neo-tupperware da praça pública... também se julgam artistas por escrever bosta?
!
Hoje em dia as editoras apostam no best seller do que no talento. É triste!
Tenho de admitir que achei que exageravas devido a um possível ódio de estimação pelo Cláudio Ramos.
...mas ele é mesmo H.O.R.R.I.V.E.L.
não percebo se esta gente ao menos lê alguma coisa de jeito antes de se dedicar à escrita. Dá-me nojo.
Depois de ler o dito parágrafo cheguei a uma conclusão: "esta foi a melhor passagem que ele arranjou para por no blog. Não quero pensar como será o resto do livro."
Entre a pena que tenho deste rapaz e a vontade de enfiar um cocktail molotov na montra da Bertrand, não sei se me suicide ou se simplesmente renuncie à condição de humano…
É impressionante como até na literatura eles conseguem inventar um Tony Carreira.
Em Portugal qualquer um já se considera um grande escritor, mas pior do que isso é uma editora com credibilidade incentivar isso... Enfim, é sempre a questão económica a sobrepor-se...
Bem, adimitimos sem grande dificuldade que o mercado musical publique lixo, mas temos dificuldade em aceitar isso para os livros. Não vejo que o mundo dos livros seja privilegiado e esta é a prova de que o mundo dos livros admite a estupidez nas suas fileiras, como qualquer outro mundo.
eu cá acho o Claudio um show off. Um "incompreendido". E acho que devia dedicar-se a outra actividade.
Escreve mal, mas não é caso único. E quanto mais "mediático" mais vende. Não seria capaz de gastar um tusto num destes livros mas já dei conta, há muito, que a tugolândia tem público pra este tipo de livro. Vão-se os aneis, ficam-se os dedos. Entro nas livrarias e vejo o mesmo que tu, desde l senhor em questão a outros(as) e fingo que não vejo. E funciona, deixo de ver. Todos existimos. Não vamos é ficar incomodados pela presença dos outros ou terão os outros direito de sentirem o mesmo pela nossa presença. E a vida é bem mais que mafia wars ou counter strike. ;)
Bonne nuit Kubik
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