sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rebeldia punk? Só se falarmos de GG Allin


Comparado com este senhor, o Marilyn Manson é um menino de coro bem comportadinho. Comparado com este senhor, Iggy Pop, Johnny Rotten, Jello Biafra ou Alice Cooper são (ou foram) umas criaturas inofensivas e pueris. GG Allin foi único. Foi aquele músico punk que fez na vida tudo aquilo que os punks radicais nem imaginavam fazer. Levou ao extremo os preceitos punk de rebeldia e subversão de atitudes, não só em cima do palco, mas também na vida quotidiana. Morreu em 1993, com apenas 36 anos. Causa da morte? Claro: uma valente overdose de heroína.
Dizia-se que GG Allin era louco, alguém que levava ao extremo comportamentos de pura provocação demencial: entrava em palco nu, completamente drogado ou alcoolizado. Como de costume, defecava no palco, ingeria parte das fezes e arremessava o restante contra o público. Não satisfeito, auto-mutilava-se com cacos de garrafas de vidro ou pedaços de madeira. O sangue pelo corpo era tão banal como o ar que respirava - batia com o microfone na cabeça com extrema violência até esguichar sangue e, não raro, era introduzido no ânus do cantor. Práticas sexuais eram também comuns em palco.
Os concertos duravam, em média 15 minutos, tal o caos que se instalava, acabando GG Allin, a maior parte das vezes, em duros confrontos físicos com a assistência e até com os próprios músicos. A polícia era chamada para acalmar os ânimos e levava Allin para a prisão - foi detido dezenas de vezes. O títulos das canções que GG Allin vociferava diziam tudo sobre o "way of life" do cantor de várias bandas punk: "I Wanna Fuck Myself", "Hard Candy Cock", "I Wanna Piss On You", "Kill Thy Father", "Rape Thy Mother". O ódio à sociedade era o seu deniminador comum.
Curioso e irónico é o facto deste verdadeiro anti-cristo ter sido baptizado com o nome... Jesus Christ Allin. Os pais eram fanáticos religiosos. Mas cedo o jovem Allin manifestou não ser digno do nome, envolvendo-se em conflitos na escola, abusar de álcool e drogas, desacatos e violência. Musicalmente, GG Allin não era especialmente dotado, visto que era mais conhecido pelo seu lado apocalíptico ao vivo e pelos comportamentos imorais e obscenos. Os Murder Junkies foram a sua banda mais conhecida.
Tamanha figura marginal só podia dar em filme e foi logo o que aconteceu um ano após a morte de GG Allin: "Hated" do realizador Todd Philips foi realizado em 1994 e relançado em DVD em 2007. Neste documentário, podem ver-se espectáculos do músico, ensaios e entrevistas com Allin, mostrando também entrevistas com os membros de sua banda, amigos, e fãs dedicados. O próprio funeral do cantor obedeceu aos valores que em vida seguiu, como se pode ver aqui.
Eis alguns dos "melhores" momentos de GG Allin ao vivo:

8 comentários:

Anónimo disse...

Lembra-me sempre estes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Viennese_Actionism

Francisco Maia disse...

Aconselho o vídeo dele no Jerry Springer. Pura poesia.

Acho este rapaz uma alma saudável e deveras mainstream. Ou não.

Francisco Maia disse...

Sinceramente, agora que vi muuuuitos videos de GG (porque desconhecia o monstro até este post) parece-me mesmo que ele é falso.

Parece-me mesmo que se esforça muito para ser o anti-cristo que ele próprio construiu.

A minha opinião é que negar tudo o que faz uma corrente (seja o conformismo) torna-te tão enclausurado, obstinado e seguidor desta como a o outro lado da balança..

Beep Beep disse...

Não consigo concordar. Um rebelde na música inspira outros, cria novas ideias, novas formas de ver e agir, causa o aparecimento de novas bandas. Tem sido sempre assim, quer falemos do mainstream, quer falemos do "underground". Este tipo era apenas demente, e triste.

Diamond disse...

Muita droga e álcool metidos à mistura... sem qualquer dúvida...

Louco ou não tinha seguidores que o adoravam. Este tipo de pessoas, curiosamente, tem sempre um grupo de fãs que os idolatra.

Cumprimentos

Anónimo disse...

que merdoso!

paulo disse...

eu vi o documentário há coisa de uma semana ou coisa que o valha na pitchfork, não posso concordar da afirmação que "Comparado com este senhor, Iggy Pop, Johnny Rotten, Jello Biafra ou Alice Cooper são (ou foram) umas criaturas inofensivas e pueris." num certo modo, excepto o rotten, por quem nunca tive alguma simpatia, o facto dos outros indivíduos terem feito o que fizeram e continuarem vivos e terem dado a volta a várias situações em q não estavam nas melhores condições físicas e terem mantido a mesma atitude face à musica faz dar-lhes muito mais valor do que um fanático alienado que seguia a sua própria conduta (que n era nenhuma excepto ir contra tudo o que era considerado "normal") e que se intitulava a ultima estrela de rock'n'roll, que no fundo era o que queria ser e o que fazia dentro de um pequeno núcleo de admiradores/mirones.

fiquei um pouco peturbado com o filme, devo dizer...agora, que o homem era passado, assim como o que os seguiam, isso é verdade, mas o filme não é aconselhavel para mentes sensíveis!

cumps!

sem-se-ver disse...

se o dvd esconde sempre as partes pudibundas do senhor não é documentário nenhum.