segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Jonas Mekas e as cidades


O realizador underground e vanguardista Jonas Mekas está em Lisboa como convidado especial do festival DocLisboa. O jornal Público entrevistou-o. Apreciei a honestidade do homem e do artista e a visão que manifesta do mundo. Foi, particularmente, testemunha das revoluções culturais e artísticas de Nova Iorque da década de 60. Eis o que diz a propósito:
PÚBLICO - "O ambiente artístico na Nova Iorque contemporânea tem alguma coisa de comparável ao que era nesses tempos?"
JONAS MEKAS - "Não. Continua a ser uma cidade muito activa. Na música, sobretudo. No cinema e na pintura acho que está bastante... morta. Não há a mesma energia. Nos últimos 30 anos deixou de haver uma capital mundial da arte. Nos anos 20 era Paris. Depois, nos anos 60, era Nova Iorque. A partir do final dos anos 70 tornou-se uma coisa mais dispersa. Há uns centros, nos EUA, em França, em Inglaterra, na Alemanha, mas não há uma capital. Não há uma cidade de que se diga: é ali que as coisas se passam. E se há é sempre muito efémero, dura umas semanas. Aparece um artista em Pequim e fala-se de Pequim durante dois meses, depois aparece um artista na Nova Zelândia e toda a gente se esquece de Pequim."
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Se me fosse possível escolher duas décadas do século XX em pudesse viver, teria escolhido, precisamente, a febril Paris dos anos 20 e a inebriante Nova Iorque dos anos 60. Nem mais. Ou seja, como diria Lou Reed: "Take a Walk on The Wild Side".

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