domingo, 25 de outubro de 2009

Nick Cave: de músico a escritor


Sempre apreciei a figura e a música de Nick Cave, cuja carreira acompanhei desde os tempos turbulentos do fim dos anárquicos The Birthday Party até ao fulgurante início da carreira a solo com os The Bad Seeds. Confesso que me desinteressei da sua carreira a partir do álbum "The Boatman's Call" (1997), altura em que Cave renegou àquilo que eu mais gostava dele: a visceralidade estética, o sentimento de inconstância interior, o rock directo e a contundência das letras. A fase das baladas ao piano em louvor a Jesus e ao amor ao próximo, deixou-me indiferente (não foi por acaso que Blixa Bargeld deixou os Bad Seeds). Em boa hora o seu projecto Grinderman voltaria a abordar a estética deixada para trás com os Bad Seeds mais recentes.
Quanto à carreira literária de Nick Cave, confesso que nunca me despertou particular interesse. Lembro-me de ter lido umas passagens, numa livraria, do seu primeiro livro, "And the Ass Saw the Angel" (1989) e de não ter gostado por aí além. Mas pode ter sido uma análise prematura da minha parte. Já o mais recente livro, "The Death of Bunny Munro" (editado em Portugal em Setembro), me suscita mais curiosidade. Segundo rezam as crónicas, trata-se de um possante romance construído à volta de uma viagem autodestrutiva (álcool e drogas) de um homem cuja mulher se suicida e, a partir daí, encontra na vida uma forma de excomungar os seus próprios pecados. Uma história de redenção, portanto.
Nick Cave anda em digressão mundial a promover a sua nova obra literária (por Portugal não passa, creio) e esteve ontem mesmo em Barcelona, onde apresentou o livro, assim como leu passagens do mesmo. Cave refere que a mensagem central do livro é esta: "Ou nos amamos ou morremos". Eu sou um pouco mais pessimista e diria mais (mesmo sem ter lido o livro): amamos e morremos, exactamente ao mesmo tempo.

3 comentários:

Luis Baptista disse...

Está aqui na fila para leitura.

pedro polonio disse...

lê-se bastante bem... ao contrário do anterior.

Inês Guedes disse...

Já comecei a ler (como ainda não tive € para comprar costumo ir para as lojas) e estou a gostar muito. É irreverente e genial (como ele).