quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"O homem que nunca ria", afinal riu-se


Quando falamos em comédia burlesca do período mudo, há dois nomes maiores a reter: Charles Chaplin e Buster Keaton (também houve Harold Lloyd, geralmente ofuscado por estes dois génios). Cada um tinha um estilo próprio de fazer humor: Chaplin mais humanista e sentimental, Keaton recorrendo a um humor mais visual e físico. Ambos fizeram verdadeiras obras-primas, ambos foram determinantes para a história do cinema em geral, e para a comédia em particular.
No entanto, há uma característica que os distingue sobremaneira: a pose de Buster Keaton, com o seu semblante eternamente melancólico, quase petrificado, impassível a tudo o que o rodeia (até às próprias situações cómicas).
Esta austeridade expressiva foi uma marca de autor original, a qual contrastava com os hilariantes gags de muitos filmes de Keaton. Porém, precisamente por causa desta imagem de marca, houve quem achasse que Keaton nunca se riu nos seus filmes. Puro engano. A curta-metragem "Coney Island" (1917), Buster ri-se por diversas vezes de situações cómicas. Consta-se que terá sido o único filme em que tal acontece (pelo menos nos filmes realizados pelo próprio, como é o caso).
Eis a sequência:

1 comentário:

Rato disse...

E foi muito bonita a homenagem que Chaplin fez a Keaton nas "Luzes da Ribalta". Dois "palhaços" fabulosos, no sentido mais nobre e grandiloquente que o termo pode ter. Aliás, foi o próprio Chaplin que um dia disse o seguinte: "I remain just one thing, and one thing only, and that is a clown.
It places me on a far higher plane than any politician"