O génio de Buster Keaton decaiu depois da obra-prima "The General" (1925), na imagem. Ao contrário de Charlie Chaplin, Keaton - o tal actor que "nunca ria" - não resistiu ao cinema sonoro e afundou-se no alcoolismo e em filmes menores durante anos a fio.
Ironia das ironias, o seu último grande filme consistiu num duplo regresso: por um lado, o regresso ao imaginário dos comboios que o celebrizou em "The General", por outro, o regresso à linguagem do cinema... mudo.
Ironia das ironias, o seu último grande filme consistiu num duplo regresso: por um lado, o regresso ao imaginário dos comboios que o celebrizou em "The General", por outro, o regresso à linguagem do cinema... mudo.
Refiro-me à curta-metragem "The Railrodder" (1965), realizada um ano antes da morte de Buster Keaton. Esta comédia, com 25 minutos de duração, foi rodada no apogeu da redescoberta da obra de Keaton, para muitos, um actor e realizador maior que Chaplin (afirmação sempre arriscada e controversa).
Keaton tivera uns anos antes uma má experiência no filme "Film", em que contracenava com o célebre escritor Samuel Beckett. Com "The Railrodder", a experiência foi bastante mais proveitosa e positiva, uma vez que representou o regresso de Keaton ao seu universo cómico muito pessoal.
Keaton tivera uns anos antes uma má experiência no filme "Film", em que contracenava com o célebre escritor Samuel Beckett. Com "The Railrodder", a experiência foi bastante mais proveitosa e positiva, uma vez que representou o regresso de Keaton ao seu universo cómico muito pessoal.
Buster Keaton aceitou o convite do realizador canadiano Gerald Potterton para, em seis semanas, rodar um filme com uma história simples: Keaton faz o papel de um londrino que deseja visitar o Canadá. Chegado ao Canadá a nado (!), Keaton encontra uma dresina amarela (pequena locomotiva a motor utilizada para puxar comboios na linha férrea) e com ela percorre milhares de quilómetros atravessando o Canadá de lés a lés .
A locomotiva está equipada com uma caixa mágica que fornece ao passageiro tudo o que é necessário no quotidiano para que possa comer, dormir, lavar-se, aquecer-se, tomar chá, lavar a roupa, caçar, tudo isto enquanto a vagonete rola pelos carris muitas vezes perigosos. Uma viagem na qual não faltam as peripécias mais rocambolescas típicas do humor burlesco dos anos 20 do século passado.
"The Railrodder" é, pois, um prodigioso exercício de comédia minimalista na esteira dos seus melhores filmes mudos. Sem diálogos, um veículo rolante e um Buster Keaton magnífico que recupera, orgulhosamente, os trejeitos interpretativos que o tornaram famoso muitas décadas antes. Vale a pena descobrir este, para todos os efeitos, "road movie".
Existe uma belíssima edição portuguesa (agora está barata), em duplo DVD, do filme "The General" - "Pamplinas Maquinista" que contém, como extra o filme "The Railrodder" - aqui.
Existe uma belíssima edição portuguesa (agora está barata), em duplo DVD, do filme "The General" - "Pamplinas Maquinista" que contém, como extra o filme "The Railrodder" - aqui.
Seja como for, aqui está o filme integral:
4 comentários:
de serviço no serviço de urgências este filmãozinho que acabei de ver numa pausa de trabalho foi ultrarevigorante para mais umas horas de tosse e ranho. Obrigado Vitor.
merece uma postagem...
http://hartter.blogspot.com/2009/11/misc.html
Fico contente, Vasco. O "filmãozinho", como bem lhe chamas, proporciona esses momentos revigorantes.
E Keaton foi genial até ao fim, sem dúvida.
PS - já agora, as melhoras.
"Infelizmente" desconhecia por completo a existência deste RailRodder até ter adquirido à 3 meses o tal DVD duplo do Pamplinas Maquinista e é sem dúvida uma bela peróla de humor.
Até custa a crer que uma edição tão boa de um filme esteja perdida no Jumbo em caixotes de filmes, por vezes lastimáveis, no Jumbo a cerca de 3 euros...
Cumprimentos cinéfilos
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