segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Dreyer vs. Corbijn



Há várias sequências prodigiosas no filme "Control" de Anton Corbijn. Uma delas é no momento em que Ian Curtis inicia a sessão de hipnose com a ajuda do amigo e músico Bernard Summer. Curtis está sentado num sofá preto, e a câmara começa a circular à volta do cantor dos Joy Division. Pela profundidade do momento, pelo preto e branco imaculado da fotografia, fez-me de imediato pensar na sequência análogoa no filme "A Palavra" de Carl Dreyer (na foto): o personagem que se julga Cristo está setnado no meio da sala, e a há um movimento de câmara que gira em volta da sua figura. Agora percebo porque é que alguns críticos referiam Dreyer (e Bresson) como influências no filme "Control".


Depois, o final do filme, com a câmara a subir pela chaminé crematória até se fixar no respectivo fumo negro, com a música "Atmosphere" em fundo, é um espantoso exercício de mise-en-scène. E um dos mais belos e comoventes finais de filme dos últimos anos.

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